Topo

Policial de Nice acusa ministério do Interior de fazer pressão após atentado

Flores são depositadas na rua onde ocorreu o atentado na cidade de Nice, na França - Valery Hache/AFP
Flores são depositadas na rua onde ocorreu o atentado na cidade de Nice, na França Imagem: Valery Hache/AFP

De Paris

24/07/2016 19h05

A policial municipal encarregada das câmeras de segurança na noite do atentado de Nice (sul da França) afirma que o ministério do Interior francês a pressionou para alterar o relatório sobre a segurança na noite do atentado, que deixou 84 mortos.

Desde o massacre, o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, tem enfrentado críticas sobre a falta de segurança no dia do atentado.

A agente, Sandra Bertin, declarou ao Journal du Dimanche que foi "acusada durante uma hora" por um funcionário do ministério pelo telefone depois que ele enviou um auditor para vê-la.

Cazeneuve - cuja contagem do número de policiais na noite de 14 de julho, quando ocorreu a tragédia, foi questionada - rejeitou as acusações e disse que irá apresentar uma queixa por difamação.

Segundo a policial, ele pediu que fosse detalhada a presença da polícia local durante os fogos de artifício no dia da Bastilha e que especificasse que "a polícia nacional também havia sido colocada em dois pontos".

"Talvez a polícia nacional estivesse ali, mas não consegui vê-los nas câmeras", declarou Bertin ao veículo.

"Fui ordenada a introduzir (no relatório) posições específicas da polícia nacional que eu não vi na tela", acrescentou a agente.

Na quinta-feira, o jornal progressista Libération informou que somente um carro da polícia local fazia a segurança da entrada do passeio marítimo quando Mohamed Lahouiaej Bouhlel irrompeu com seu caminhão no Passeio dos Ingleses, onde o público admirava o espetáculo dos fogos.

Desde que ocorreu o ataque, Cazeneuve enfrentou as críticas dos líderes conservadores da cidade costeira sobre a falta de segurança neste dia.

O presidente francês François Hollande declarou na sexta-feira que ainda tem plena confiança em seu ministro, prometendo "verdade e transparência" sobre as medidas de segurança vigentes no dia em Nice.