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Tecnologias que aumentam potencial humano preocupam americanos

26/07/2016 22h20

Miami, 27 Jul 2016 (AFP) - Tecnologias futurísticas que prometem aumentar a força e a inteligência das pessoas, como a edição genética, o implante de chips no cérebro ou o sangue artificial, geram mais preocupação do que entusiasmo entre os americanos, revela uma pesquisa divulgada na terça-feira.

A pesquisa, realizada pelo instituto Pew Research Center, incluiu mais de 4.700 adultos americanos, e é considerada uma amostra nacionalmente representativa.

Quando perguntados sobre edição de genes, que poderia reduzir o risco de doenças graves em bebês, 68% dos americanos se disseram "muito" ou "um pouco" preocupados.

A perspectiva de implantes cerebrais que poderiam aumentar a inteligência e a concentração também gera preocupação em 69% das pessoas, assim como o potencial do sangue sintético, que poderia melhorar a velocidade, a força e a resistência (63%).

Metade dos entrevistados se disse "entusiasmada" com cada uma dessas inovações.

"O desenvolvimento das tecnologias biomédicas está se acelerando rapidamente, levantando novos debates sociais sobre como iremos utilizar essas tecnologias e quais usos são apropriados", disse o autor principal do estudo, Cary Funk, diretor associado de pesquisa do Pew Research Center.

"Este estudo sugere que os americanos são bastante cautelosos em relação ao uso de tecnologias emergentes que empurram as capacidades humanas para além do que foi possível antes".

Apenas cerca de um terço dos entrevistados disseram que iriam querer melhorias dos seus cérebros e do seu sangue.

Os americanos estão divididos sobre a questão de se em algum momento eles vão querer tirar proveito da edição genética para prevenir doenças em bebês, com 48% dizendo que sim e 50% dizendo que não.

Muitas pessoas disseram temer que tais aperfeiçoamentos aumentem a brecha entre os que têm condições financeiras e os que não têm.

E ao menos sete em cada dez disseram que essas tecnologias provavelmente se tornariam disponíveis antes de serem totalmente compreendidas.

A pesquisa também revelou que os americanos que se descrevem como religiosos são menos propensos a abraçar estas tecnologias.

"Seis em cada dez ou mais dos altamente comprometidos com a religião consideram que estas melhorias potenciais interferem na natureza, cruzando uma linha que não deveria ser cruzada (edição genética, 64%; implantes de chips no cérebro, 65%; e sangue sintético, 60%)", afirma o relatório.

"Por outro lado, a maioria das pessoas com baixo compromisso religioso diz que cada uma dessas melhorias não difere de outras maneiras pelas quais os seres humanos tentam melhorar a si mesmos".