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Juíza que suspendeu aumento de tarifa é ameaçada com granada na Argentina

"Abaixo o tarifaço de luz e de gás", diz cartaz de manifestante em Buenos Aires, na Argentina - Juan Mabromata/AFP
"Abaixo o tarifaço de luz e de gás", diz cartaz de manifestante em Buenos Aires, na Argentina Imagem: Juan Mabromata/AFP

Em Buenos Aires

17/08/2016 17h34

Uma granada sem detonador mas com poder explosivo foi encontrada em uma lata de lixo na frente da casa, em Buenos Aires, da juíza determinou a suspensão do aumento das tarifas elétricas na Argentina - informou a própria magistrada nesta quarta-feira (17).

"Peço que se investigue. Estou muito preocupada com minha família", disse a juíza Martina Forns, que acolheu uma ação coletiva, em 5 de agosto passado, e suspendeu o aumento promovido pelo governo de Mauricio Macri.

Os aumentos dos serviços básicos aumentaram 700%, em alguns casos passando de 1.000%, e deflagraram uma onda de protestos e recursos judiciais.

O ajuste nas contas de água, gás, luz e transporte público foi anunciado para reduzir o déficit fiscal, que teria chegado a 7% em 2015, segundo o governo Macri.

Apesar de o governo ter sido forçado a limitar o aumento aplicado ao gás (em 400%, para as residências, e em 500%, para o setor comercial e para as pequenas e médias empresas), outra sentença - da Câmara Federal de La Plata - freou o aumento.

A granada foi encontrada na terça à tarde, no momento em que o ministro da Energia, Juan José Aranguren, defendia a alta das tarifas diante de um plenário da Câmara dos Deputados.

"Havia um explosivo sem detonador, mas com capacidade de explosão e bastante alcance", disse a juíza, com base em perícias da Polícia.

Martina Forns pediu que se "baixe o tom" sobre a polêmica do "tarifaço".

"Fui recusada com motivo, por falar com a imprensa. Com isso, conseguiram o que queriam, me afastar do caso", comentou, acrescentando que sua decisão "obviamente é uma sentença que questiona um ato do Poder Executivo".

Um dos questionamentos que permitiram que a Justiça freasse os aumentos é que o governo se negou a convocar uma audiência pública para a fixação do novo esquema tarifário.