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Matthew chega à Cuba após deixar sete mortos no Haiti e na República Dominicana

04/10/2016 22h30

Porto Príncipe, 5 Out 2016 (AFP) - Cidades desertas com árvores caídas, sinais de trânsito e placas derrubados, a população restrita a suas casas e abrigos: Cuba enfrentava nesta terça-feira a fúria de Matthew, o poderoso furacão que testa seu sistema contra desastres.

Furacão de categoria 4 na escala Saffir-Simpson (1 a 5), Matthew chegou com força por Guantánamo, no extremo leste da Ilha, com ventos firmes de 225 km/h

O intenso sol que castiga quase todo o ano esta cidade de 200 mil habitantes desapareceu pouco antes da chegada de Matthew, que trouxe fortes chuvas e ondas de mais de cinco metros.

Até a noite desta terça-feira, Matthew havia forçado a evacuação de 1.318.000 pessoas do leste do país. Deste total, "372.885 estão em centros de evacuação e os restantes 944.886, em outras residências", informou o vice-diretor da Defesa Civil, Luis Ángel Macareño, à TV estatal.

O presidente Raúl Castro está em Santiago de Cuba para dirigir as operações. Além de Guantánamo e Santiago de Cuba, estão sob alerta de furacão as províncias de Camagüey, Holguín, Granma e Las Tunas.

Matthew chegou a Cuba após atingir a República Dominicana e o Haiti, países onde deixou ao menos sete mortos e milhares de evacuados, enquanto os Estados Unidos tomam medidas de prevenção.

"A parte norte do olho do furacão Matthew, que é extremamente perigoso, tocou a parte mais ao leste de Cuba", indicou o Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.

Matthew deixou quatro mortos, quase 200 imóveis danificadas e 794 evacuados na República Dominicana, informou o Centro de Operações de Emergências (COE), nesta terça-feira (4).

Com a mesma força devastadora, o fenômeno atingiu ainda o Haiti, onde o número de mortos chegou a três, e 9.280 pessoas foram retiradas de suas casas, informou o porta-voz do Ministério do Interior haitiano, Guillaume Albert Moléon.

Um homem que estava sozinho, e que não pôde abandonar o lar, morreu ao ter sua casa destruída pelas ondas em Port-Salut, uma comunidade no sul do país.

Uma mulher doente morreu na noite de segunda-feira, também em Port-Salut, por não conseguir sair de casa para receber ajuda médica. Na sexta, um homem faleceu no naufrágio de sua embarcação. Ele estava acompanhado de outros dois pescadores, que conseguiram chegar até à costa, no litoral sul.

A região sul do país, a mais afetada, ficou isolada nesta terça-feira após o desabamento de uma ponte na única rota que conecta a região com a capital, Porto Príncipe.

"A Route Nationale 2 está bloqueada na altura de Petit-Goave depois do desabamento da ponte La Digue", disse à AFP o porta-voz da Defesa Civil, Edgar Celestin, acrescentando que "uma reunião de emergência está sendo realizada para restaurar o acesso, mas vai ser difícil encontrar uma rota alternativa".

"Por enquanto, é impossível fazer um balanço e conhecer a extensão da destruição causada pela passagem do ciclone", disse Celestin.

"É a pior tempestade que o Haiti sofre em décadas, e todos os danos serão, sem dúvida, significativos", declarou o representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Haiti, Marc Vincent.

"Mais de quatro milhões de crianças podem estar expostas aos estragos do furacão", advertiu a organização em um comunicado.

O furacão atingiu a cidade de Anglais por volta das 7h locais (8h, horário de Brasília) com ventos máximos de 230 km/h, informou o NHC, com sede em Miami.

Estados Unidos se preparaMatthew se move sobre o extremo-leste de Cuba, mas espera-se um giro em direção ao norte-noroeste na quarta-feira", acrescentou o NHC, indicando que o furacão também deve atingir as Bahamas na quarta-feira.

O furacão pode alcançar o sudeste dos Estados Unidos, onde os governos da Flórida e da Carolina do Norte decretaram estado de emergência. Já a Carolina do Sul ordenou a evacuação do litoral a partir de quarta-feira.

"Nosso objetivo é que a população se situe a pelo menos 150 km da costa", declarou a governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley.

Diante da possibilidade da chegada de Matthew, o presidente Barack Obama decidiu adiar um ato previsto para quarta-feira, em Miami, com a candidata democrata Hillary Clinton.

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