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México anuncia medidas para proteger cidadãos de abusos nos EUA

Yuri Cortez/ AFP
Imagem: Yuri Cortez/ AFP

Na Cidade do México

16/11/2016 21h27

Uma semana depois da vitória do candidato republicano anti-imigração Donald Trump nas eleições presidenciais americanas, o governo do México lançou uma mensagem aos seus cidadãos que vivem no país vizinho: "Estamos contigo".

Este é o título das 11 ações divulgadas nesta quarta-feira pela chancelaria mexicana, destinadas a "evitar que (seus concidadãos) sejam vítimas de abusos e fraudes".

Evitar "toda situação de conflito" e "não incorrer em ações que possam derivar em sanções administrativas ou penais" fazem parte da lista.

Uma linha telefônica direta, que estará disponível 24 horas todos os dias para responder a qualquer dúvida sobre "medidas migratórias ou reportar incidentes" é outra resolução tomada após a vitória de Trump, que iniciou sua campanha eleitoral com um forte tom anti-imigração, chamando de estupradores e criminosos os mexicanos residentes nos Estados Unidos.

O governo mexicano também anunciou que intensificará a promoção do registro e expedição de certidões de nascimento de filhos de cidadãos mexicanos nascidos nos Estados Unidos e aumentará a presença de consulados móveis.

Além disso, aumentará o número de entrevistas para trâmites em seus consulados, com o objetivo de que todos os mexicanos tenham documentação oficial.

Trump advertiu que, assim que assumir a Presidência, deportará ou mandará para a prisão até três milhões de imigrantes em situação irregular que tenham antecedentes criminais.

Também ameaçou intervir nas remessas dos mexicanos, uma das principais fontes de renda no país, se o governo do México se negar a pagar pelo muro que, durante a campanha, ele prometeu construir ao longo da fronteira comum.

Estima-se que 11 milhões de pessoas vivam sem documentos nos Estados Unidos, a maioria mexicanos.

O governo mexicano também informou que estreitará a relação com organizações de defesa dos direitos civis.

Para o diretor e fundador da organização civil Ángeles de la Frontera, sediada em San Diego, Califórnia (EUA), Enrique Morones, as medidas anunciadas "não vão ser suficientes, mas ajudam".

Morones considerou imperativo que o governo mexicano passe da retórica aos fatos porque os "incidentes de ódio aumentaram desde o início da campanha de (...) porque essa foi a mensagem do próprio Trump".

Morones teme que se repitam as operações para deter imigrantes irregulares, executadas durante o governo do ex-presidente americano, George W. Bush.

Para Morones também há o forte risco de que aumentem as fraudes realizadas por falsos advogados, que extorquem os imigrantes ilegais, prometendo-lhes resolver sua situação migratória por "até 8.000 dólares".

Na segunda-feira, o governo mexicano anunciou que discutirá em seus primeiros contatos com a equipe do presidente eleito a expulsão de imigrantes em situação irregular com antecedentes penais.

Espera-se que Trump e o presidente Peña Nieto se encontrem, provavelmente antes de o republicano assumir a Presidência, em 20 de janeiro, para abordar temas da agenda bilateral.