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Presidente colombiano diz que Nobel da Paz é incentivo a acordo com as Farc

09/12/2016 15h50

Oslo, 9 dez 2016 (AFP) - O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, afirmou nesta sexta-feira, em Oslo, onde se encontra para receber o Prêmio Nobel da Paz, que a distinção concedida a ele é um grande incentivo para obter um novo acordo com a guerrilha das Farc.

"Este prêmio foi como um presente dos céus e é um enorme incentivo para conseguirmos esse novo compromisso", depois que o primeiro foi recusado em um referendo.

Juan Manuel Santos recebe neste sábado o Nobel da Paz pelos esforços de pacificação de seu país, mergulhado em um conflito armado de mais de 50 anos e que causou 260.000 mortos.

O Nobel significou ainda um "mandato da comunidade internacional" para chegar a um acordo, disse Santos - falando em inglês - em coletiva de imprensa no Instituto Nobel de Oslo.

O anúncio do Nobel da paz 2016 a Santos foi feito no dia 8 de outubro, apesar da inesperada rejeição, cinco dias antes em um plebiscito, a um acordo fechado em 26 de setembro em Cartagena entre o governo e a guerrilha das Farc.

Dentro e fora da Colômbia, o prêmio foi visto como um aval ao processo de paz, apesar do revés eleitoral.

"Os cidadãos colombianos interpretaram o prêmio como se fosse um mandato da comunidade internacional para perseverar (...) e obter um acordo de paz. Para eles, ajudou muito. Me encorajou, encorajou os nossos negociadores, mas particularmente incentivou os colombianos a buscar" um novo acordo.

A partir de então, a guerrilha e o governo decidiram manter um cessar-fogo bilateral e fazer ajustes ao acordo recusado, a partir de centenas de propostas dos setores que votaram contra.

"Estou honrado, feliz, feliz pela Colômbia", afirmou Santos, que tinha aterrissado em Oslo a apenas três horas.

Nem um dia em paz"Pessoalmente, não pude viver um só dia de paz, e por isso o fato de que possamos viver em paz, viver uma vida normal, e não ter medo de ir a algumas regiões, vai mudar tudo", ressaltou.

O presidente colombiano receberá o Nobel no sábado em uma cerimônia na prefeitura de Oslo, na presença dos reis da Noruega, Harald e Sonia.

Mas a ausência das Farc, não premiadas nem presentes na numerosa comitiva de Santos, gerou questionamentos.

"Não queria expor o governo norueguês a problemas "porque as Farc seguem estando nas listas de terroristas, e seus líderes não estão "totalmente livres para ir a todos os lugares", explicou Santos.

"Pensamos que não seria apropriado trazer as Farc à cerimônia. Convidei um de seus chefes negociadores (...) Estarão aqui de coração e de espírito", adiantou, antes de pedir que "não tenham receio quanto ao fato de que as Farc não estejam aqui".

Agradecimentos à Noruega e CubaSantos recordou que o conflito colombiano é o último e o mais antigo de todos os existentes no hemisfério ocidental.

"Foi firmada a paz, validada por um Congresso com uma amplíssima maioria, e nesse momento procederemos com a sua implementação" afirmou.

"Eu espero que na próxima segunda-feira a Corte Constitucional da Colômbia coloque em prática o procedimento de via rápida, o 'fast track', com a finalidade de implementar o acordo o mais rápido possível" declarou o presidente colombiano.

Tudo isso tornou-se possível por causa "da comunidade internacional", afirmou Santos, que destacou especialmente a participação da Noruega que "julgou um papel importantíssimo como um dos países avalistas, junto à Cuba" que foi "nosso anfitrião, sede das negociações" do governo com as Farc.

"A paz era um sonho impossível até alguns anos, e agora a temos" declarou de forma feliz o presidente colombiano, se referindo ao esperado fim de um conflito que em mais de meio século já totalizou 260.000 mortos, dezenas de milhares de desaparecidos e mais de seis milhões de desaparecidos.