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EUA atribuem ciberataques eleitorais a Putin e prometem represálias

Kevin Lamarque/Reuters
Imagem: Kevin Lamarque/Reuters

Em Washington

16/12/2016 00h32

A Casa Branca responsabilizou diretamente nesta quinta-feira (15) o presidente russo, Vladimir Putin, pelos ciberataques que interferiram nas eleições presidenciais americanas e prometeu retaliações, elevando a tensão entre as duas maiores potências atômicas do mundo. "Não acho que estas coisas ocorram no governo russo sem que Vladimir Putin saiba", afirmou Ben Rhodes, o principal conselheiro do presidente Barack Obama, ao canal de TV MSNBC.

"Tudo o que sabemos sobre como a Rússia funciona e até que ponto Putin controla o governo sugere que, quando falamos de um ciberataque com estas características, estamos falando das mais altas esferas do governo", afirmou Rhodes. "Em última instância, Vladimir Putin é responsável pelas ações do governo russo", destacou o assessor do presidente.

Obama também falou sobre o assunto na noite desta quinta-feira. Ele disse que adotará represálias pelos ciberataques russos. "Acredito que não há dúvidas de que quando um governo estrangeiro tenta violar a integridade das nossas eleições, é preciso adotar ações. Vamos fazer isto, no lugar e momento adequados". "Algumas ações poderão ser explícitas e anunciadas, e outras, não".

A CIA (central de inteligência americana) concluiu em um relatório secreto revelado na semana passada pelo jornal The Washington Post que a Rússia interveio com ciberataques na campanha eleitoral americana, com o fim preciso de ajudar o republicano Donald Trump a vencer.

Na quarta-feira, a rede NBC noticiou que funcionários de Inteligência dos EUA concluíram que Putin se envolveu pessoalmente nos ciberataques, para se vingar da democrata Hillary Clinton. Segundo os dois altos funcionários de Inteligência, Putin deu instruções diretas sobre como filtrar e usar a informação hackeada dos democratas para atingir Hillary Clinton, finalmente derrotada por Trump.

De acordo com a NBC, Putin jamais perdoou Hillary Clinton por questionar, quando era secretária de Estado, a integridade das eleições parlamentares de 2011 na Rússia, e por instigar protestos nas ruas.

Trump voltou a insinuar nesta quinta-feira que a Casa Branca tem intenções partidárias ao responsabilizar a Rússia pelos ataques de hackers contra sua adversária nas eleições, a democrata Hillary Clinton.

"Se a Rússia ou outra entidade realizavam ataques informáticos, por que a Casa Branca esperou tanto tempo para reagir? Porque acabaram de se queixar após a derrota de Hillary Clinton, escreveu no Twitter.

A acusação já tinha sido rechaçada na quinta-feira por Moscou. "Os absurdos não se baseiam em nenhum fundamento", declarou Dimitri Peskov, porta-voz do Kremlin.

Em relação à suposta responsabilidade de Moscou nestas ações de hackers, "eles precisam parar de falar sobre isso ou finalmente apresentar algum tipo de prova. Caso contrário, isso parece extremamente indecente", disse Peskov aos jornalistas durante uma visita do presidente Vladimir Putin a Tóquio nesta sexta-feira.