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Rússia e Turquia preveem cessar-fogo na Síria antes do Ano Novo

Garota caminha diante de casa destruída em al-Rai, cidade ao norte de Aleppo, na Síria - Khalil Ashawi/ Reuters
Garota caminha diante de casa destruída em al-Rai, cidade ao norte de Aleppo, na Síria Imagem: Khalil Ashawi/ Reuters

Em Istambul

29/12/2016 07h40

Turquia e Rússia preveem a aplicação de um cessar-fogo na Síria antes do Ano Novo, disse nesta quinta-feira (29) o ministro turco das Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu.

O cessar-fogo pode ser aplicado "a qualquer momento", afirmou Cavusoglu à rede de televisão A Haber em Ancara. "Planejamos garantir isso antes do início do ano novo", acrescentou.

Ontem, a agência pró-governamental turca Anadolu havia informado sobre um acordo russo-turco, mas nenhum dos atores chave do conflito havia confirmado a informação.

Cavusoglu afirmou que, se o cessar-fogo tiver êxito, serão iniciadas negociações entre o governo do presidente sírio, Bashar al-Assad, e a oposição em Astana, a capital do Cazaquistão.

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As futuras negociações de Astana, apadrinhadas por Rússia e Turquia, não serão alternativas para as negociações impulsionadas pelas Nações Unidas em Genebra nos últimos anos.

"Isso não é uma alternativa a Genebra, é um passo complementar", disse Cavusoglu.

"As negociações em Astana estarão sob nossa supervisão", afirmou Cavusoglu, acrescentando que ainda eram discutidos os grupos opositores que participarão desta fase de negociações.

Cavusoglu reiterou que a Turquia continua trabalhando com a Rússia para obter um cessar-fogo.

Moscou será o "fiador" do regime sírio, qualquer que seja o acordo alcançado.

O ministro turco não divulgou detalhes sobre o cessar-fogo, mas disse que a Turquia também será fiadora do acordo.

Rússia e Turquia estão muito envolvidas no conflito sírio, no qual apoiam grupos contrários. Moscou é o principal aliado de Assad, enquanto Ancara defende os rebeldes.

A cooperação russo-turca permitiu concretizar um cessar-fogo há duas semanas em Aleppo e a evacuação de milhares de rebeldes e civis dos bairros rebeldes reconquistados pelo governo.

Esta cooperação se intensificou nos últimos meses, após a superação da crise provocada pela derrubada de um caça russo pela força aérea da Turquia na fronteira sírio-turca no fim de 2015.

A Turquia permaneceu em silêncio durante a ofensiva das tropas sírias, apoiadas pela aviação russa, contra o reduto rebelde no leste de Aleppo, que permitiu ao regime reconquistar a totalidade da segunda cidade do país.

Cavusoglu reafirmou, no entanto, que a Turquia excluía totalmente conversar diretamente com Assad.

Desde 2011, a guerra na Síria provocou a morte de mais de 310.000 pessoas.

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