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Libertado norte-coreano envolvido no assassinato de Kim Jong-nam

Único norte-coreano detido com base na investigação do assassinato de Kim Jong-nam, Ri Jong Chol deixa sede da polícia para ser deportado - Kyodo/Reuters
Único norte-coreano detido com base na investigação do assassinato de Kim Jong-nam, Ri Jong Chol deixa sede da polícia para ser deportado Imagem: Kyodo/Reuters

Em Kuala Lumpur,

03/03/2017 01h04

O único norte-coreano detido com base na investigação do assassinato de Kim Jong-nam, meio-irmão do dirigente norte-coreano, em Kuala Lumpur, foi libertado nesta sexta-feira (3), no momento em que cresce a tensão entre Coreia do Norte e Malásia por causa do crime.

Os indícios contra Ri Jong-chol, 47, não justificavam uma denúncia, explicou na quinta-feira (2) o procurador-geral da Malásia, Mohamed Apandi Ali.

"É um homem livre", declarou Mohamed Apandi Ali. "Sua detenção provisória expira, e as acusações são insuficientes para denunciá-lo. Será libertado."

O suspeito norte-coreano, que trabalha na área de tecnologia da informática, foi detido logo após o assassinato de Kim Jong-nam, em 13 de fevereiro, no Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur, onde foi envenenado com um agente neurotóxico.

Ri, com um colete a prova de balas, foi levado em um carro com escolta da delegacia para os serviços de imigração, situados em Putrajaya, capital administrativa da Malásia, segundo um policial.

"Não sei quando será expulso do país porque ainda há questões de documentos", disse o policial.

Na quarta-feira (1º), uma indonésia e uma vietnamita suspeitas de ter inoculado em Kim Jong-nam o agente neurotóxico foram denunciadas por assassinato pela promotoria malaia.

No âmbito da investigação, a polícia quer interrogar outros sete norte-coreanos, entre eles um diplomata da embaixada da Coreia do Norte em Kuala Lumpur e um funcionário de uma companhia aérea que se encontraria na Malásia. Quatro suspeitos deixaram o país no mesmo dia do assassinato.

Kim Jong-un (esq.) e Kim Jong-nam - Wong Maye-E e Shizuo Kambayashi/ AP - Wong Maye-E e Shizuo Kambayashi/ AP
Kim Jong-un (esq.) e Kim Jong-nam
Imagem: Wong Maye-E e Shizuo Kambayashi/ AP
Ri foi detido pouco depois da emboscada da qual o meio-irmão de Kim Jong-un, 45, que esperava para embarcar em um voo rumo ao território chinês de Macau, foi vítima.

Imagens das câmeras de videovigilância mostraram duas mulheres se aproximando pelas costas de Kim Jong-nam, e uma delas lançando, aparentemente, algo em seu rosto. A vítima foi levada à clínica do aeroporto, mas faleceu durante sua transferência ao hospital.

Segundo Kuala Lumpur, a vítima foi envenenada com o agente neurotóxico VX, uma versão mais fatal do gás sarin, indolor, inodoro e tão tóxico que foi catalogado como arma de destruição em massa.

As duas mulheres afirmam que as enganaram e que acreditavam que participavam de uma brincadeira gravada em vídeo, uma pegadinha. A polícia malaia alega que elas sabiam o que faziam.

Segundo as autoridades, Kim Jong-nam morreu rapidamente, em menos de 20 minutos, e seu falecimento foi provavelmente "muito doloroso".

Desde o início deste caso, a Coreia do Sul acusa seu vizinho do Norte, citando uma ordem permanente de Kim Jong-un para assassinar seu meio-irmão.

Kim Jong-nam caiu em desgraça e vivia exilado há anos, mas havia se mostrado crítico a um dos regimes mais herméticos do mundo.

A Coreia do Norte, que não reconheceu a identidade da vítima, protesta vigorosamente pela investigação das autoridades malaias, acusadas por ela de se guiar por motivos políticos e comportamento ilegal. As autoridades norte-coreanas também não aceitam as conclusões da necropsia.

Desde o assassinato, o curto-circuito entre os dois países, que mantinham até então relações diplomáticas amigáveis, se degrada dia após dia.

Kuala Lumpur anunciou o cancelamento, a partir de 6 de março, de um acordo bilateral para uma isenção recíproca de vistos para os visitantes.

O governo tomou esta decisão por razões de segurança nacional, informou a agência Bernama, que cita o vice-primeiro-ministro malaio, Ahmad Zahid Hamidi.

Kuala Lumpur já chamou para consultas seu embaixador na Coreia do Norte e convocou o embaixador norte-coreano na Malásia.