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Trump acusa Obama de grampear seu telefone durante campanha; ex-presidente nega

Trump é recebido por Obama na Casa Branca após vencer a eleição norte-americana - Pablo Martinez Monsivais/AP
Trump é recebido por Obama na Casa Branca após vencer a eleição norte-americana Imagem: Pablo Martinez Monsivais/AP

Em Washington

04/03/2017 12h07Atualizada em 06/03/2017 19h15

O presidente Donald Trump, dos EUA, acusou neste sábado (4) seu antecessor, Barack Obama, de usar escutas telefônicas durante a campanha eleitoral do ano passado, sem fornecer, no entanto, provas dessa acusação.

"Terrível! Acabo de saber que Obama fez escutas telefônicas na Trump Tower um pouco antes da vitória", tuitou. "Isso é McCartismo", acrescentou.

"Eu apostaria que um bom advogado poderia levar adiante um caso pelo fato de que o presidente Obama grampeou meus telefones em outubro, antes da eleição!", escreveu Trump no Twitter.

"Como o presidente Obama desceu tão baixo a ponto de grampear meus telefones durante o sagrado processo eleitoral. Isso é Nixon/Watergate. Cara mau (ou doente)!", assinala em outro tuíte.

Obama nega

O ex-presidente Barack Obama jamais ordenou que se espionasse os cidadãos americanos, afirmou um porta-voz neste sábado.

"Nem o presidente Obama nem nenhum funcionário da Casa Branca ordenaram espionar qualquer cidadão americano", afirmou o pota-voz de Obama, Kevin Lewis, em um comunicado.

Relações com a Rússia

Os tuítes de Trump foram postados por volta das 5h da manhã deste sábado, ante a avalanche de revelações sobre os contatos entre funcionários russos e seus colaboradores mais próximos, entre eles o secretário da Justiça, Jeff Sessions, o caso mais recente.

O presidente negou reiteradas vezes que tenha vínculos pessoais com o Kremlin, e seus assessores negam ou minimizam esses contatos.

Mas as acusações continuam em vazamentos quase diários na imprensa, que revela novos detalhes dos laços entre Moscou e altos dirigentes de Trump.

As novas revelações sobre contatos do entorno de Trump com responsáveis russos fizeram com que o presidente americano contra-atacar.

Antes de deixar Washington com destino a sua casa em Mar-a-Lago, na Flórida, pela quarta vez em cinco semanas, Trump acusou seus adversários políticos de empreenderem uma "caça às bruxas" sobre suas supostas relações com Moscou durante a campanha eleitoral, que o milionário nega.

Sessions, um fiel aliado do presidente, como secretário de Justiça tem o FBI (a Polícia Federal americana) sob seu comando, e na quinta-feira se recusou a participar de qualquer investigação sobre o papel da Rússia nas eleições.

Depois que Sessions disse sob juramento no Senado "não ter comunicações com os russos", jornalistas relataram que, de fato, havia se reunido com o embaixador de Moscou em Washington, Sergey Kislyak, em duas oportunidades nos meses anteriores às eleições.

Sessions afirmou que isso fazia parte de sua função como senador e que apenas falou com o embaixador russo sobre "coisas normais". Mas a oposição democrata não perdeu a oportunidade e pediu que o ex-senador renuncie e seja investigado por perjúrio.

O presidente também atacou o líder dos democratas e senador por Nova York, Chuck Shumer, uma das vozes mais fortes que pede a renúncia de Sessions.

Em sua rede social preferida, o Twitter, o presidente colocou uma foto do senador tomando café e comendo donuts com o presidente russo, Vladimir Putin, em 2003, com a legenda: "Deveríamos começar uma investigação imediata do @SenSchumer e suas relações com a Rússia e Putin. Um total hipócrita"!

Em resposta, Schumer assinalou que "falaria com gosto" sobre seu encontro com Putin, acrescentando: "Você e sua equipe fariam isso"?

Em outro caso polêmico, por conta do ocultamento de conversas telefônicas com o embaixador russo, o ex-assessor de Segurança Nacional de Trump, Michael Flynn, acabou tendo de renunciar em 13 de fevereiro.