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Ataque do EI ao maior hospital militar de Cabul deixa mais de 30 mortos

Forças de segurança afegãs montam guarda diante de hospital que sofreu ataque em Cabul - Rahmat Alizadah/Xinhua
Forças de segurança afegãs montam guarda diante de hospital que sofreu ataque em Cabul Imagem: Rahmat Alizadah/Xinhua

Em Cabul

08/03/2017 11h04

Mais de 30 pessoas morreram nesta quarta-feira (8) em um ataque contra o principal hospital militar do Afeganistão, em Cabul, cenário de uma ação de seis horas de extremistas do grupo Estado Islâmico (EI), que usavam uniformes de médicos.

"Infelizmente, mais de 30 pessoas morreram e quase 50 ficaram feridas no ataque. A maioria das vítimas eram pacientes, médicos e enfermeiros", disse o general Daulat Waziri, porta-voz do ministério da Defesa, que também citou quatro criminosos entre os mortos.

O grupo Estado Islâmico (EI) reivindicou o ataque por meio do aplicativo de mensagens Telegram.

"Infiltrados do Estado Islâmico atacaram o hospital militar de Cabul", afirmou o EI, ao mesmo tempo em que os talibãs afegãos negaram no Twitter qualquer envolvimento com o atentado.

Mas fontes das forças de segurança expressaram à AFP ceticismo, tanto com o desmentido quanto com a reivindicação do EI.

O hospital, com capacidade para 400 pacientes, foi atacado por quatro homens armados vestidos como médicos, todos abatidos pelas forças de segurança.

A primeira explosão aconteceu às 9H00 locais, quando um homem-bomba detonou a carga explosiva na porta dos fundos do hospital, o que abriu o caminho para a entrada do comando extremista.

Imagens da TV mostraram civis refugiados no telhado do edifício, enquanto outros tentavam ficar a salvo nos corredores e perto das janelas.

"O hospital Sardar Daud Khan está sendo atacado. Sabemos que vários criminosos vestidos com uniformes médicos entraram no local, armados com fuzis AK-47 e granadas", afirmou mais cedo o general Waziri.

'Pulei pela janela'

"Eu estava no terceiro andar: os criminosos, com jalecos brancos de médicos, conseguiram entrar pela porta dos fundos, Todos os funcionários e pacientes entraram em pânico. Vi quando várias pessoas caíram, atiravam contra tudo que se movimentava", relatou à AFP um médico, que pediu anonimato.

"Me refugiei na sala de reanimação e quando vi que não havia nenhuma saída, pulei pela janela", completou o médico, que quebrou a perna durante a queda.

Os tiros, as explosões e as granadas, assim como as sirenes das ambulâncias, não pararam durante toda a manhã. Uma explosão foi provocada por um carro-bomba no estacionamento do hospital, mas não provocou vítimas.

Um enfermeiro, Abdul Qadeer, confessou seu medo à AFP: "Estava no vestiário quando vi um homem com roupa de médico e que atirava com um fuzil AK-47 contra os guardas e os pacientes no terceiro andar. Consegui escapar escalando o alambrado, mas um amigo foi atingido".

"Estava preparando meus pacientes para uma operação quando vi três homens armados vestidos como médicos", contou um cirurgião a um canal de televisão.

"Atiraram na minha direção, mas consegui escapar", disse.

'Nunca perdoar os criminosos'

O hospital é conhecido por atender tanto os integrantes das forças de segurança como os insurgentes.

O primeiro-ministro Abdullah Abdullah prometeu "nunca perdoar os criminosos".

O ataque aconteceu uma semana depois dos atentados suicidas de 1º de março contra duas sedes das forças de segurança de Cabul - da polícia e do Serviço de Inteligência (NDS) -, que deixaram 16 mortos e mais de 100 feridos.

Na terça-feira, os insurgentes lançaram dois foguetes na mesma região, contra a embaixada americana em Cabul.

As embaixadas ocidentais localizadas no bairro residencial de Wazir Akhbar Khan, a poucos metros do hospital atacado, se encontravam em estado de alerta.

O último grande ataque contra um hospital afegão aconteceu em junho de 2011: 38 pessoas, a maioria mulheres e bebês que estavam na maternidade, morreram em um atentado suicida com carro-bomba na província de Logar, a 75 km de Cabul.

O Taleban negou envolvimento no atentado na ocasião e condenou o ataque.