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Mais de mil detentos palestinos iniciam greve de fome; Israel descarta negociação

18.abr.2017 - Mulheres palestinas pedem liberação de seus filhos presos em Israel durante protesto na cidade Ramallah, na Cisjordânia - EFE/Alaa Badarneh
18.abr.2017 - Mulheres palestinas pedem liberação de seus filhos presos em Israel durante protesto na cidade Ramallah, na Cisjordânia Imagem: EFE/Alaa Badarneh

Em Jerusalém

18/04/2017 06h11

Israel anunciou nesta terça-feira que "não negociará" com os mais de 1.000 presos palestinos que estão em greve de fome desde a véspera exigindo condições "dignas" de detenção.

"A convocação de greve de fome é contrária ao regulamento" da prisão, afirmou o ministro israelense da Segurança Interior, Gilad Erdan. "São terroristas e assassinos presos que recebem o que merecem e não temos razões para negociar com eles", acrescentou à rádio militar.

Cerca de 1.300 palestinos, segundo a Autoridade Palestina, detidos nas prisões israelenses iniciaram na segunda-feira uma greve de fome coletiva, um movimento de protesto que não ocorria há anos e lançado por Marwan Barghuthi, líder da segunda Intifada e condenado à prisão perpétua.

Os presos pertencem a todos os movimentos políticos palestinos, do Fatah do presidente Mahmud Abbas e de seu grande rival Marwan Barghuthi, aos partidos de esquerda, passando pelo Hamas islamita que saudou os "valentes prisioneiros" grevistas.

Esta greve de fome pretende "acabar com os abusos" da administração penitenciária israelense, indicou Barghuthi, em uma coluna enviada ao jornal americano The New York Times a partir de sua prisão de Hadarim, no norte de Israel.

Como represália, foi colocado em isolamento em outra prisão, segundo o ministro Erdan.

"Punir os grevistas"

Um porta-voz da administração penitenciária israelense confirmou que "cerca de 1.100 prisioneiros" estavam em greve de fome desde segunda-feira e que seus serviços seguirão "punindo os grevistas".

Marwan Barghuthi, grande rival do presidente Mahmud Abbas dentro do partido Al Fatah e frequentemente líder nas pesquisas sobre uma hipotética eleição presidencial palestina, organizou este movimento.

Os prisioneiros pedem, entre outras coisas, telefones públicos nas prisões, direitos de visita ampliados, o fim das "negligências médicas" e do regime de isolamento, assim como o acesso a canais de televisão e a ar-condicionado.

A presidência palestina convocou o governo israelense a responder a estas demandas por "liberdade e dignidade dos presos".

Mas o ministro israelense de Inteligência, Israel Katz, defendeu no Twitter a "pena de morte para os terroristas" e denunciou que um "assassino repugnante como Barghuthi faz greve para melhorar suas condições de detenção enquanto os familiares de suas vítimas lembram e sofrem".

Barghuthi cumpre cinco penas de prisão perpétua por sangrentos atentados cometidos durante a segunda Intifada (2000-2005).

A última greve em massa nas prisões israelenses remonta a fevereiro de 2013, quando 3.000 palestinos se negaram a se alimentar durante um dia para protestar contra a morte na prisão de um preso palestino.

Entre os 6.500 palestinos atualmente detidos em Israel figuram 62 mulheres e 300 menores de idade. Cerca de 500 deles estão sob o regime extrajudicial da detenção administrativa que permite uma detenção sem processo nem acusação. Além disso, também há 13 deputados palestinos presos.

O tema os presos é crucial para os palestinos. Cerca de 850.000 palestinos, no total, foram presos desde 1967 e a ocupação dos Territórios palestinos, segundo seus dirigentes.

Cada família, repetem regularmente os dirigentes palestinos, tem ao menos um membro em detenção ou que passou pela prisão. A ponto de a cada ano desde 1974 o dia 17 de abril ser o dia nacional de mobilização em favor dos presos.