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Exército alemão muda regras internas para romper com passado nazista

Detalhe de uniforme das forças armadas da Alemanha - Sabine Siebold/ Reuters
Detalhe de uniforme das forças armadas da Alemanha Imagem: Sabine Siebold/ Reuters

Em Berlim

10/05/2017 10h30

O exército da Alemanha anunciou nesta quarta-feira (10) uma mudança das regras internas para proibir qualquer veneração aos símbolos do exército do regime nazista em suas tropas, após um escândalo que abalou o Bundeswehr, as Forças Armadas do país.

"Vamos alterar o decreto sobre as tradições no exército alemão, pois sua versão atual, de 1982, deixa brechas para possíveis desvios", afirmou em Berlim a ministra da Defesa, Ursula von der Leyen, depois de uma audiência em uma comissão do Parlamento sobre um caso que chocou o governo alemão nos últimos dias.

O escândalo aconteceu após a detenção de dois militares alemães, entre eles um oficial de 28 anos, Franco Albrecht, suspeito de ter planejado um atentado contra personalidades alemãs que, na opinião dele, são muito favoráveis à imigração, justificando seu ato pela chegada de um elevado número de refugiados.

Os dois homens, detidos, são considerados próximos à extrema-direita.

Durante a investigação, as autoridades encontraram relíquias do Wehrmacht, o exército do regime nazista entre 1935 e 1945, em uma sala comum do quartel onde trabalhavam os dois suspeitos, pertencente à brigada franco-alemã, situado em Illkirch, perto de Estrasburgo (leste da França).

Pouco depois foram encontrados objetos em outro quartel da Alemanha, em Donaueschngen (sudoeste), o que levou o ministério a ordenar uma inspeção de todos os edifícios do Bundeswhr.

A imprensa alemã demonstrou surpresa com o fato de que alguns quartéis ainda têm o nome do general do Wehrmacht Erwin Rommel, conhecido por sua campanha no norte da África durante a Segunda Guerra Mundial e chamado de "raposa do deserto".

O decreto sobre as tradições prevê a revisão da forma como os objetos militares do passado devem ser conservados e exibidos. A princípio só devem ser mostrados em um "contexto histórico".

Além do texto, a ministra, pressionada pelo escândalo, anunciou outras reformas.

As regras para disciplina, principalmente, serão reforçadas. Ao que parece, Franco Albrecht escreveu uma tese universitária no exército de conteúdo abertamente ultranacionalista e xenófobo, sem receber punições.

A ministra pretende melhorar "a instrução política" dos militares.

"É um processo muito amplo que devemos realizar entre todos, dos recrutas aos generais, dos conselheiros à ministra", afirmou à imprensa.