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Na Holanda, 23 pedem DNA por suspeita de serem filhos de ex-diretor de banco

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Imagem: Thinkstock

Em Roterdã (Holanda)

12/05/2017 13h04

Vinte e três holandeses nascidos por fertilização in vitro pediram nesta sexta-feira à justiça uma amostra de DNA do ex-diretor de um banco de esperma falecido em abril e que pode ser o pai biológico de todos eles.

Pais e filhos acusam este médico especialista de ter doado seu próprio esperma em vez do que eles haviam escolhido entre os doadores da clínica.

Jan Karbaat, ex-diretor do centro, situado perto de Roterdã (oeste), havia afirmado ser o pai biológico de 60 crianças nascidas por fertilização in vitro (FIV).

Os 23 demandantes, que nasceram a partir dos anos 1980, solicitaram nesta sexta-feira uma amostra de DNA de Kaarbaat para poder compará-lo com o seu.

"É uma questão de identidade, isso ajuda a pessoa a formar sua personalidade", declarou o advogado das famílias, Tim de Bueters, ante o tribunal civil de Roterdã. "É um direito fundamental saber de onde viemos".

O advogado lembrou a história de cada um destes "bebês de proveta", como a de uma mulher que tem olhos escuros, embora seu pai biológico supostamente tivesse olhos azuis, ou de um homem que não se parecia fisicamente em nada com seu pai, o que despertou suspeitas.

Lisette de Haan, advogada da esposa de Kaarbaat, afirmou, por sua vez, que não existe nenhuma prova de que o falecido médico desse seu próprio esperma para fertilizações in vitro.

Kaarbaat, um pioneiro da fertilização, proibiu em seu testamento que extraíssem DNA após sua morte, explicou De Haan. Também havia rejeitado este procedimento quando estava vivo.

Mas as autoridades apreenderam, no dia 2 de maio, vários objetos na casa de Kaarbaat a pedido da justiça.

Segundo o advogado das famílias, a extração de DNA em um de seus objetos pessoais, como sua escova de dentes, é a melhor opção. No entanto, também poderiam retirar a informação genética de um de seus filhos legítimos ou inclusive exumar o corpo do médico.

A juíza Petra de Bruin dará seu veredicto no dia 2 de junho.

O centro médico havia fechado em 2009 por irregularidades administrativas, depois que várias pessoas denunciaram a clínica, informou Bueters.

Kaarbaat alterou supostamente os dados, diagnósticos e descrições dos doadores de esperma, e não respeitou a norma que limita a seis o número de filhos por doador.

Compartilhando genes 

"Para mim, como mãe, este julgamento não me trará nada", afirmou ao sair da audiência Esther Heij. "Mas vejo que em casa meu filho de 21 anos está bloqueado em sua vida. Estava tão irritado com o fato de o médico ter morrido, de ter levado para o túmulo tudo isso, que não queria colaborar de forma alguma" com a investigação, relatou.

Também estava presente na audiência Moniek Wassenaar, de 36 anos, que havia conhecido o diretor do banco de esperma em 2010. "Disse que era possível que eu fosse sua filha biológica", explicou a mulher recentemente à imprensa holandesa.

O médico falava com orgulho do fato de ter utilizado seu próprio esperma, disse Wassernaar. "Tinha boa saúde e era inteligente, portanto podia compartilhar um pouco seus genes com o mundo. Via isso como algo nobre. Não tinha nenhuma noção ética e banalizava o impacto que isso teria para os bebês de proveta", explicou.