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Homem que atacou policial em Paris se diz 'soldado' do EI

Polícia francesa isola área onde ocorreu o incidente próximo à catedral de Notre Dame - PHILIPPE WOJAZER/REUTERS
Polícia francesa isola área onde ocorreu o incidente próximo à catedral de Notre Dame Imagem: PHILIPPE WOJAZER/REUTERS

Em Paris

06/06/2017 23h17

O homem que atacou um policial com um martelo, nesta terça-feira à tarde (6), antes de ser neutralizado por um disparo em frente à catedral Notre Dame de Paris, disse ser um "soldado" do grupo Estado Islâmico.

Segundo o ministro francês do Interior, Gérard Collomb, o agressor gritou "isso é pela Síria" no momento do ataque.

Após a agressão, ele "reivindicou ser um soldado do califado" autoproclamado pelo grupo Estado Islâmico (EI), de acordo com uma fonte próxima à investigação.

"Aparentemente, o indivíduo estava sozinho", declarou o ministro à imprensa, indicando que o agressor carregava um martelo, com o qual feriu um policial no pescoço, além de facas de cozinha e uma carteira que o identifica como estudante argelino, mas que ainda precisa ser identificado, disse Comb.

O agressor, ferido, foi hospitalizado, anunciou a polícia. Já o oficial agredido sofreu ferimentos leves, relataram fontes policiais. Um de seus colegas atirou contra o agressor depois que ele tentou atacá-los com um martelo.

O homem foi identificado por documentos como Farid I, nascido na Argélia em janeiro de 1977 e inscrito como estudante de doutorado em Ciências da Informação em Metz, no leste da França, revelou uma fonte ligada à investigação.

Em sua residência "não havia qualquer sinal aparente de adesão excessiva ao Islã", disse seu orientador de tese, Arnaud Mercier, assinalando que estava intrigado com a falta de contato de Farid desde novembro.

A Procuradoria antiterrorista de Paris abriu uma investigação. Além disso, cerca de 15 membros da unidade de elite da Polícia, com tocas ninjas e fortemente armados, revistavam na noite de terça-feira uma república de estudantes em Cergy, perto de Paris, onde o atacante alugava um estúdio, constatou um jornalista da AFP.

O ataque ocorreu por volta das 14h20 GMT (11h20 de Brasília) em frente à catedral parisiense. Um policial abriu fogo contra o agressor depois do ataque, segundo uma fonte policial.

As autoridades pediram ao público que se mantivesse distante da área, um dos locais mais visitados da capital francesa, mas garantiu que a "situação estava sob controle" pouco antes das 15h30 GMT (12h30 de Brasília).

"Estamos percebendo como temos passado de um terrorismo muito sofisticado para um terrorismo onde qualquer objeto pode servir para cometer agressões", observou o ministro do Interior.

"Escutei um homem gritar muito forte e depois as pessoas começaram a correr. Entraram em pânico. Ouvi dois disparos e vi um homem caindo no chão com muito sangue", contou à AFP Philippe, uma testemunha.

As ruas próximas à catedral estão isoladas. Policiais com coletes à prova de balas saíam da sede da polícia, que fica em frente à Notre Dame, constatou um jornalista.

Mil pessoas bloqueadas

Pelo menos mil pessoas ficaram bloqueadas dentro da catedral no momento do incidente.

"As pessoas estão tranquilas, conversam, rezam, continuam a visita", disse à AFP André Finot, responsável pela comunicação da catedral.

"Esperamos ordens da polícia para deixá-los sair", prosseguiu.

Situada no centro de Paris, a catedral de Notre Dame é um dos locais mais visitados da Europa, com 13 milhões de visitantes por ano.

Essa agressão acontece três dias depois de um atentado em Londres, no qual sete pessoas morreram, e 48 ficaram feridas, por três homens que atropelaram várias pessoas com um veículo antes de esfaquearem transeuntes. Os três foram abatidos pela Polícia.

O ataque de Londres foi reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI).

Em 22 de maio, um atentado com bomba deixou 22 mortos e mais de 100 feridos durante um show em Manchester, no Reino Unido.

A França está em estado de alerta máximo após uma onda de ataques terroristas que deixaram 239 mortos desde 2015.

Em 20 de abril, na famosa avenida parisiense Champs Elysées, um francês de 39 anos matou um policial de 37 com dois tiros na cabeça e feriu dois outros agentes e uma turista alemã, antes de ser morto.

Em 13 de novembro de 2015, um comando extremista que jurou lealdade ao EI matou 130 pessoas em várias partes da capital francesa, no pior ataque em território nacional.

O EI ameaça a França, com frequência, por sua participação na coalizão militar internacional antiextremista no Iraque e na Síria.

A catedral de Notre Dame já esteve no centro de uma investigação antiterrorista. Em setembro de 2016, as autoridades francesas desmantelaram um comando de mulheres "jihadistas" por trás de um ataque com carro-bomba abortado, encontrado perto de Notre Dame.

Estas mulheres, que recebiam ordens de extremistas do EI na Síria segundo os investigadores, tinham ligações com os autores de vários ataques recentes cometidos na França.