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Pyongyang diz que lançamento de míssil abre 'fase final' de confronto com EUA

KCNA via Reutesr
Imagem: KCNA via Reutesr

Em Seul

04/07/2017 23h16

A Coreia do Norte anunciou nesta terça-feira (4) que, com o lançamento, no dia anterior, de um míssil balístico intercontinental capaz de carregar uma "carga grande", foi deflagrada a 'fase final' de confronto com os Estados Unidos.

Informou ainda que, depois de supervisionar o lançamento pessoalmente, o líder norte-coreano, Kim Jong-Un, disse que "os bastardos americanos não vão ficar muito contentes com esse presente enviado pelo aniversário de 4 de Julho".

Rindo, Kim Jong-Un acrescentou que "deveria enviar presentes de vez em quando para ajudá-los a sair do tédio".

O míssil, lançado em um momento decisivo nas ambições armamentistas de Pyongyang, seria capaz de alcançar o Alasca, de acordo com especialistas.

O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, confirmou que a Coreia do Norte fez, pela primeira vez, um teste de míssil balístico intercontinental.

"Os Estados Unidos condenam fortemente o lançamento pela Coreia do Norte de um míssil balístico intercontinental. Testar um ICBM representa uma nova escalada na ameaça aos Estados Unidos, aos nossos aliados e parceiros, à região e ao mundo."

O secretário acrescentou que os Estados Unidos "nunca aceitarão uma Coreia do Norte armada com aparato nuclear".

A Coreia do Norte garante possuir uma tecnologia de ICBM - progresso que o presidente Donald Trump prometeu que "não iria acontecer" - representa um marco para o regime comunista.

Também poderia alterar radicalmente a ação dos países que buscam frustrar os objetivos militares deste Estado isolado.

Em sua declaração, Tillerson chamou o governo de Pyongyang de "um regime perigoso" e disse que Washington tomará "fortes medidas" no Conselho de Segurança da ONU para responsabilizar os norte-coreanos pelo teste.

Entenda o programa de mísseis norte-coreano

UOL Notícias

Fortes reações

O teste provocou uma forte reação do presidente americano, Donald Trump, que pediu à China, principal aliado de Pyongyang, para "acabar com esse absurdo de uma vez por todas".

A China defendeu os "esforços incessantes" para resolver o problema nuclear norte-coreano e pediu "contenção" a todas as partes.

Em um comunicado conjunto, Rússia e China pediram que a Coreia do Norte instaure uma "moratória" sobre seus testes nucleares e lançamentos de mísseis e que os Estados Unidos cessem os exercícios militares na região, a fim de diminuir a tensão.

Moscou e Pequim clamaram por "moderação e que os países se abstenham de atos de provocação", indicaram os respectivos ministérios das Relações Exteriores em um comunicado comum, após um encontro no Kremlin entre os presidentes Vladimir Putin e Xi Jiping.

Mas o apelo foi ignorado por Estados Unidos e Coreia do Sul, que dispararam mísseis balísticos de maneira simultânea "como uma forte mensagem de advertência", durante um exercício que simulava um ataque norte-coreano.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou fortemente o teste do míssil, e o qualificou de "mais uma violação descarada das resoluções do Conselho de Segurança e uma escalada perigosa da situação".

Guterres acrescentou que a "liderança da Coreia do Norte deve evitar novas ações provocativas e cumprir plenamente suas obrigações internacionais".

A União Europeia disse que poderá impor novas sanções à Coreia do Norte, depois de ter ampliado no mês passado sua lista de dirigentes e entidades castigados por Bruxelas.

O Conselho de Segurança deve se reunir na quarta-feira para uma sessão de emergência, a portas fechadas, para analisar a situação.

Pyongyang, que já realizou cinco testes nucleares e dispõe de um pequeno arsenal atômico, tenta produzir mísseis intercontinentais (ICBM) para alcançar o território americano, uma medida contra o que define como ameaça de invasão dos 28.000 soldados que os Estados Unidos mantêm mobilizados na Coreia do Sul.

O lançamento "histórico" do míssil Hwasong-14 foi supervisionado pessoalmente por Kim Jong-Un, de acordo com a televisão estatal norte-coreana.

A Coreia do Norte é uma "potência nuclear forte" dotada de um "ICBM muito poderoso que pode alcançar qualquer lugar do mundo", anunciou a televisão estatal do país. "O teste com êxito de um ICBM é um avanço maior na história de nossa república."

Em um tuíte logo após a revelação do disparo, Trump desabafou sobre Kim Jong-Un: "este cara não tem nada melhor para fazer com sua vida"?!

Os analistas duvidam da capacidade de Pyongyang para miniaturizar uma ogiva nuclear e armar um míssil, assim como de sua capacidade para controlar a tecnologia de retorno à atmosfera, necessária para um míssil intercontinental.

Mas todos os especialistas concordam sobre os avanços consideráveis dos programas balístico e nuclear de um dos países mais isolados do mundo desde 2011, quando Kim Jong-Un chegou ao poder.

David Wright, analista da organização Union of Concerned Scientists, afirmou, com base nos dados disponíveis, que o projétil realizou potencialmente uma trajetória "muito curva" e "poderia alcançar no máximo 6.700 km com uma trajetória padrão".

"Este alcance não é suficiente para atingir os 48 Estados (ao sul do Canadá) ou as maiores ilhas do Havaí, mas seria suficiente para atingir todo o Alasca."