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Entre homenagens e funerais, México chora seus mortos por terremoto

24.set.2017 - Pessoas participam de uma homenagem às costureiras que morreram no terremoto, na Cidade do México - Ronaldo Schemidt/AFP
24.set.2017 - Pessoas participam de uma homenagem às costureiras que morreram no terremoto, na Cidade do México Imagem: Ronaldo Schemidt/AFP

24/09/2017 19h47

Cinco dias após o devastador terremoto de 7,1 graus de magnitude que deixou mais de 300 mortos no México, as homenagens e os funerais das vítimas se sucediam entre flores e velas na capital, onde diminuem as esperanças de encontrar pessoas com vida sob os escombros.

A tradicional missa de meio-dia na catedral barroca da Cidade do México foi tomada pelas orações pelas vítimas e pedidos de ajuda aos que foram diretamente atingidos.

Perto dali, nas ruínas de uma fábrica têxtil que desabou, dezenas de mulheres homenagearam costureiras que perderam a vida no local.

Entre flores e velas, as mulheres colocaram uma cruz cor rosa que dizia "Teu nome é o meu" e gritaram os nomes das trabalhadoras mortas.

Enquanto isso, na periferia da megalópole, se celebrava o funeral de María Ortiz, uma mulher de 57 anos que morreu com a queda do antigo e luxuoso prédio do bairro de Condesa, onde trabalhava no serviço de limpeza.

"Ela nos disse há um mês que gostava muito de nós, que queria ficar com a gente, morrer velhinha, limpar a sua casa, pintá-la", disse sua irmã Mirna López, ao lado do caixão rodeado de flores e mais de cem familiares e amigos.

Sem sinais de vida

A maior parte das forças de resgate se concentravam em um edifício de sete andares que desmoronou parcialmente na área de Roma, onde 40 famílias buscam seus parentes, segundo informou o coordenador nacional de Proteção Civil, Luis Felipe Puente, que não informou o número preciso de pessoas presas sob os escombros.

No entanto, a possibilidade de encontrar essas pessoas com vida diminuí.

"Desde que chegamos não escutamos de vida", assegurou Rafi Sadi, integrante do grupo de socorristas israelenses que colabora no local desde a madrugada de quinta-feira.

Puente estimou que "no quarto andar é onde está o maior número de pessoas", mas explicou que "o trabalho é muito delicado porque cada vez que há um movimento brusco, as estruturas se movem centímetro a centímetro e existe o risco de colapso".

Durante o dia de busca, os socorristas tiveram que evacuar rapidamente a instável estrutura e os trabalhos foram interrompidas enquanto voluntários colocavam estruturas de aço na base para sustentar a estrutura.

"Estamos trabalhando com muito cuidado para não colocar em risco nossa equipe e os maravilhosos voluntários mexicanos", disse Rafi Sadi.

Os familiares em muitos momentos demonstram desespero. Choram e rezam em frente a uma enorme virgem de gesso colocada atrás de uma estrutura montada para atendê-los.

- Contra os tratores -Em Tlalpan, no sul, os socorristas tiraram dos escombros de um edifício uma pessoa sem vida, enquanto a brigada japonesa salvava um cachorrinho branco

Esperançosos em encontrar gente viva, os vizinhos tentam evitar com um abaixo-assinado que os tratores sejam usados em cinco dias.

Perto dali, na escola Enrique Rebsamen, o exército continuava à procura de uma funcionária supostamente presa nos escombros do edifício que desabou matando 19 crianças e seis adultos.

"Se esclarece categoricamente que até o momento não se realizará a demolição do edifício e não se utilizará nenhum tipo de máquina até que se tenha a plena certeza" de que todas as vítimas foram resgatadas, vivas ou mortas, disse à imprensa o capitão da Marinha Sergio Suazo.

Até este domingo, já chegaram a 319 os mortos pelo terremoto de magnitude 7.1 de terça-feira: 181 na Cidade do México, 45 em Puebla, 13 no estado do México, 6 em Guerrero e 1 em Oaxaca, segundo dados da Proteção Civil Federal.

A Secretaria de Marinha informou que suas ações de busca de pessoas e remoção de escombros na Cidade do México, permitiram o resgate de 115 pessoas vivas.