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Congresso do Partido Comunista equipara Xi Jinping a Mao Tsé-Tung

24/10/2017 12h32

Pequim, 24 Out 2017 (AFP) - O presidente Xi Jinping confirmou nesta terça-feira o status de governante chinês mais poderoso em 40 anos, com a inclusão de seu nome nos estatutos do Partido Comunista da China (PCC), um símbolo que o coloca à altura do fundador do regime, Mao Tsé-Tung.

Xi, 64 anos, líder do PCC desde o fim de 2012, receberá, sem dúvidas, na quarta-feira um novo mandato de cinco anos como secretário-geral, o cargo supremo na pirâmide do poder chinês.

"O pensamento de Xi Jinping sobre o socialismo com características chinesas para a nova era" aparece agora nos estatutos do PCC, o maior partido do mundo, e constitui um "guia de ação" para seus 89 milhões de integrantes.

Os 2.300 delegados do XIX congresso do PCC, que está em sessão desde a semana passada e nesta terça-feira aprovaram por unanimidade a emenda que inclui o nome de Xi nos estatutos.

Xi Jinping é o primeiro dirigente chinês desde Mao, que governou a China de 1949 até sua morte em 1976, a ver seu nome incluído nos estatutos quando ainda está no poder.

Antes do anúncio, Willy Lam, professor de Política da Universidade Chinesa de Hong Kong, explicou que o status confere a Xi uma autoridade extraordinária.

"Terá um status similar ao de Grande Timoneiro, que era o de Mao", completou Lam.

"Isto permitiria ser como Mao, líder por toda a vida, enquanto conservar a saúde", disse o acadêmico.

O nome de Deng Xiaopoing, que sucedeu Mao no poder e estimulou nos anos 1980 as reformas que transformaram o país na segunda maior potência econômica mundial, foi incluído nos estatutos após sua morte.

Os nomes dos dois antecessores de Xi Jinping, Jiang Zemin e Hu Jintao, não aparecem nos estatutos, mas a obra de ambos é mencionada.

- O novo Mao -"A tradição na China estipula que o imperador é ao mesmo tempo o professor, o inspirador. Xi chega a sê-lo antes de terminar seu primeiro mandato. É raro na nossa história", afirma o cientista político chinês Hu Xingdu.

Entretanto, "não é fácil comparar" a Mao e a Xi, lembra Xie Chuntao, diretor de história da Escola Central do Partido.

"Os que conhecem o PCC e a China vêm muito claramente o papel que o secretário-geral Xi Jinping teve nos últimos cinco anos. Ele teve o apoio, o amor e o respeito sincero de todo o Partido e do conjunto dos chineses", assegura.

O pensamento de Xi foi anunciado na quarta-feira passada, durante a abertura no Congresso do Partido.

"Temos que trabalhar sem descanso e seguir adiante na viagem para obter um renascimento da nação chinesa", afirmou Xi, de 64 anos, ressaltando uma China próspera e respeitada depois de mais de um século e meio de decadência e humilhações.

Xi Jinping promete constituir um exército "de primeiro nível mundial" para 2050, melhorar a proteção social e de saúde, o Estado de direito "socialista" e de garantir a "coexistência harmoniosa entre o homem e a natureza".

Não se prevê, contudo, nenhuma liberalização política. "Tudo deve estar sob a direção do PCC: os organismos do PCC, o governo, o exército, a sociedade civil e seja qual for o lugar onde nos encontremos", insistiu.

- Rejuvenecimento -Apesar do crescente poder de Xi Jinping, a composição do comitê central será crucial para seus planos.

O PCC deve anunciar a mudança do comitê permanente de seu gabinete político, instância de sete membros que dirige a China.

Xi Jinping -que também é presidente da República popular- e Li Keqiang, seu primeiro-ministro, continuarão sendo membros, enquanto outros cinco membros atuais deverão deixar o cargo por terem alcançado o limite informal de idade, de 68 anos.

Não se sabe quem serão seus substiututos, nem sobre quais serão as idades e tendências políticas dos novos membros.

Se forem nomeados políticos próximos a Xi, isso significará que ele "terá o controle total do comitê permanente do gabinete político", estima Willy Lam.

Para Bill Bishop, autor de Sinocism China, um relatório de informação, a troca será sobretudo estética para Xi Jinping.

"Com seu nome nos estatutos do Partido, o tema da sucessão já quase não se projeta", avaliou. "Enquanto viver será ele o que tomará as decisões", acrescentou.

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