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Chanceler cubano diz que ataques sônicos a diplomatas dos EUA são falsos

Fuzileiros navais norte-americanos asteiam a bandeira dos EUA pela primeira vez em 54 anos (14.ago.2015)  - Reuters
Fuzileiros navais norte-americanos asteiam a bandeira dos EUA pela primeira vez em 54 anos (14.ago.2015) Imagem: Reuters

Da AFP, em Washington

28/10/2017 20h31

Os alegados ataques "sônicos" contra pessoal diplomático americano em território americano são "totalmente falsos" e uma "manipulação política" para afetar as relações bilaterais, afirmou neste sábado (28), em Washington, o chanceler cubano, Bruno Rodríguez. "Os chamados ataques sônicos, (...) qualquer tipo de ataque que se invoque, qualquer incidente, (...) são totalmente falsos", disse o diplomata, para quem "está havendo uma manipulação política destinada a causar danos às relações bilaterais".

Como consequência das denúncias sobre os alegados ataques ao pessoal diplomático americano em Cuba "tem havido uma deterioração grave na relação entre ambos os governos e ambos os países". Rodríguez, que surpreendeu ao participar neste sábado do encerramento de um dia de reuniões da comunidade cubana residente nos Estados Unidos, evitou dar detalhes sobre o caso misterioso.

Segundo o governo americano, o pessoal de sua embaixada em Havana tem sido vítima de "ataques específicos" dos quais desconhece a origem ou a modalidade. O Departamento de Estado informa que 24 de seus funcionários tiveram problemas de saúde a partir destes ataques. Washington não responsabiliza Cuba diretamente pelos ataques, mas considera que o governo de Havana tem a obrigação de garantir a segurança do pessoal diplomático estrangeiro.

Por causa disto, os Estados Unidos reduziram à metade o pessoal de sua delegação em Havana e suspenderam por tempo indeterminado a emissão de vistos.

Ao mesmo tempo, expulsaram 15 diplomatas da embaixada cubana em Washington por considerar que o governo da ilha não cumpria com suas responsabilidades à luz da Convenção de Viena sobre delegações diplomáticas.Rodríguez disse ser "inaceitável e imoral" que "qualquer diferença política" entre os dois governos se traduza em medidas que afetem as pessoas dos dois países.

Os Estados Unidos, destacou, "decidiram adotar decisões de natureza política que causam danos ao povo cubano".

Fim de restrições 

Cuba adotará, a partir de 1º de janeiro de 2018, em sua normativa migratória a eliminação de entraves a viagens e facilidades para que cubanos nascidos no exterior obtenham a cidadania, disse neste sábado, em Washington, o chanceler cubano, Bruno Rodríguez. Entre as medidas anunciadas pelo chanceler, destaca-se a "eliminação da Habilitação de Passaporte" para que cubanos residentes no exterior possam viajar a Cuba.

Segundo fontes cubanas, existem atualmente cerca de 800.000 pessoas com passaporte cubano no exterior, que até 31 de dezembro precisarão desta habilitação concedida por um consulado para poder viajar ao seu país de origem.

Rodríguez também anunciou a eliminação da norma que exigia aos filhos de cubanos nascidos no exterior a residência de pelo menos 90 dias na ilha para obter a cidadania. Esta exigência, conhecida como "requisito de avizinhamento", data de 1944 e a partir de 1º de janeiro próximo será eliminada.

Rodríguez anunciou também a autorização de retorno àquelas pessoas que emigraram ilegalmente de Cuba. Esta permissão de retorno a cidadãos cubanos que deixaram o país nestas circunstâncias, no entanto, não será aplicada àqueles que o fizeram pela base naval americana de Guantánamo, disse Rodríguez, alegando questões de "segurança".

O governo também anunciou a autorização "de entrada e saída de cidadãos de embarcações de lazer", habilitando-se para este fim dois portos, embora esse número vá ser ampliado posteriormente.

Rodríguez, que participou neste sábado em Washington de um encontro de residentes cubanos nos Estados Unidos, disse que as medidas fazem parte de um "processo de atualização da política migratória" no país.

Cada uma das quatro medidas anunciadas foi recebida com ovação no auditório em Washington, onde foi celebrada a reunião. "O governo dos Estados Unidos fecha, e Cuba abre" as portas a um fluxo migratório regular entre os dois países, disse o ministro cubano das Relações Exteriores.