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Trump: 'Putin me disse que não se intrometeu' na eleição americana

O presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin - Mikhail Klimentyev/Sputnik/AFP
O presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin Imagem: Mikhail Klimentyev/Sputnik/AFP

De Hanói

11/11/2017 15h21

O presidente americano, Donald Trump, disse neste sábado (11) que seu colega russo, Vladimir Putin, garantiu-lhe que "não se intrometeu" na última disputa pela Casa Branca, em 2016, a qual levou o magnata nova-iorquino ao poder.

"Me disse que, de modo algum, se intrometeu nas nossas eleições", declarou Trump aos jornalistas que o acompanhavam no avião presidencial Air Force One rumo a Hanói.

Ainda no avião, Trump disse à imprensa ter "uma boa relação" com Putin, com quem teve "duas, ou três discussões muito breves", à margem da cúpula.

"Cada vez que eu o vejo, ele me diz que não fez isso, e eu realmente acho que, quando me diz isso, é o que pensa", completou.

"Acho que se sentiu insultado" com as acusações, comentou Trump.

"E isso não é bom para o nosso país", insistiu o republicano, ressaltando que ter boas relações com Moscou pode permitir avançar em temas cruciais como a Coreia do Norte.

Em reação também neste sábado, o presidente Putin considerou que as acusações de ingerência russa na eleição presidencial dos Estados Unidos são "fantasias".

"Tudo o que está ligado ao suposto caso de ingerência russa nos Estados Unidos está ligado à luta política interna nesse país", declarou Putin em Danang, onde participa da cúpula da Apec (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico).

"São fantasias", minimizou, em coletiva de imprensa.

"Não sei de nada, decididamente nada", insistiu Putin.
 

Putin denuncia ataque à imprensa

Na mesma entrevista, Putin denunciou o "ataque contra a liberdade de expressão" e prometeu uma "resposta", ao comentar o fato de a rede de televisão RT ter de se registrar como "agente estrangeiro" nos Estados Unidos.

"O ataque contra nossos veículos é um ataque contra a liberdade de expressão", declarou Putin.

"Devemos responder e será uma resposta similar", prometeu.

Com frequência, as autoridades americanas acusam a RT e a agência de notícias Sputnik, controladas pelo governo russo, de divulgarem propaganda do Kremlin e suspeitam de que tenham tentado influenciar a campanha de 2016.

Na quinta-feira, a RT anunciou que se registrará como "agente estrangeiro" nos Estados Unidos, em virtude da lei FARA (Foreign Agents Registration Act), que obriga qualquer empresa que represente um país, ou uma organização, estrangeiros a prestar contas às autoridades americanas regularmente sobre suas relações com esse Estado, ou com essa instituição. Se não o fizerem, podem ter suas contas congeladas nos EUA.

"Não há qualquer prova que confirme uma ingerência dos nossos veículos na campanha eleitoral" nos Estados Unidos, afirmou Putin.

"Os meios não fazem mais do que dar seu ponto de vista (...). Pode-se contestar este ponto de vista, mas não ordenando a dissolução desses meios, ou criando condições que impossibilitem sua atividade", afirmou o presidente russo, acusando Washington de ter "escolhido a opção da dissolução".

A relação de Trump com a Rússia tem sido polêmica desde sua chegada ao poder, e vários de seus colaboradores de campanha mais próximos estão sendo investigados por suspeita de conluio com o Kremlin.

Putin sobre Trump: 'educado, de trato agradável'

Em Danang, uma cidade costeira do centro do Vietnã, Trump e Putin tiveram três encontros breves, nos quais deram apertos de mãos e trocaram palavras cordiais.

Ainda neste sábado, Putin elogiou Trump, descrevendo-o como "um homem educado e de trato agradável", após um breve encontro na Apec.

"O comportamento do presidente americano é extremamente correto e gentil", comentou Putin, na mesma coletiva.

Donald Trump "é um homem educado e de trato agradável", insistiu, ao ser questionado sobre a forma peculiar com que o presidente americano costuma cumprimentar seus interlocutores, dando um firme aperto de mãos.

Trump e Putin apertaram as mãos duas vezes e conversaram um pouco durante esta cúpula, embora não tenha havido um encontro reservado.

O fato de não terem realizado uma reunião cara a cara se deve "à carregada agenda de Donald Trump, à minha agenda e a algumas formalidades do protocolo", alegou Putin, que disse não ver "nada grave" nisso.

"Falamos de todos os temas de que queríamos tratar", resumiu.

"As relações entre Rússia e Estados Unidos ainda não saíram, porém, da crise", admitiu ele, acrescentando que "estamos dispostos a virar a página e seguir adiante".

"Queremos ter relações harmoniosas com os Estados Unidos", completou o presidente russo.

Durante sua campanha eleitoral, Trump elogiou Putin, em diferentes ocasiões.

"Teremos uma formidável relação com Putin e a Rússia", disse várias vezes.

Até hoje, a única reunião bilateral entre ambos foi na Alemanha, em julho passado, no âmbito da cúpula do G20.