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Embaixada do Equador em Londres corta comunicação de Assange com o exterior

O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, está na Embaixada do Equador em Londres desde 2012 - Justin Tallis/ AFP
O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, está na Embaixada do Equador em Londres desde 2012 Imagem: Justin Tallis/ AFP

Quito (Equador)

28/03/2018 14h32

O Equador anunciou na quarta-feira (28) que cortou os sistemas de comunicação "com o exterior" de Julian  Assange, refugiado em sua embaixada em Londres, em uma nova represália por interferir em assuntos de outros países.

Em um comunicado, o governo de Lenín Moreno adverte ainda que pode adotar "novas medidas diante do descumprimento por parte de Assange de seus compromissos".

"A medida foi adotada diante do descumprimento por Assange do compromisso por escrito que assumiu com o Governo no final de 2017 de não emitir mensagens que pudessem representar ingerência em relação a outros Estados", diz o texto.

Quito não ofereceu mais detalhes sobre o tipo de comunicação cortada ou como Assange violou o acordo, embora a medida tenha sido anunciada depois de o fundador do WikiLeaks criticou na segunda-feira no Twitter a expulsão coordenada de diplomatas russos por países Ocidentais.

Na terça-feira (27), o secretário de Estado para Assuntos Exteriores britânico, Alan Duncan, declarou na Câmara dos Comuns que "é muito lamentável que Julian Assange permaneça na Embaixada do Equador", acrescentando que "é hora deste miserável sair da embaixada e se entregar à Justiça".

O criador do WikiLeaks, de 46 anos, refugiou-se em 2012 na embaixada equatoriana em Londres para evitar a extradição para a Suécia, onde foi indiciado por crimes sexuais que ele nega.

A Justiça sueca arquivou a acusação de estupro, mas um tribunal de Londres rejeitou em fevereiro a anulação do mandado de prisão contra Assange, considerando que o australiano não respeitou as condições de sua liberdade sob fiança.

Em 2016, o Equador já havia restringido temporariamente o acesso à internet a Assange por divulgar documentos que impactaram a campanha eleitoral nos Estados Unidos.

Em dezembro, Lenín Moreno pediu a Assange que não intervisse na crise separatista na Catalunha após o ciberativista usar o Twitter para apoiar a campanha de independência catalã e acusar o governo espanhol de "repressão".

Moreno afirma que assumiu o compromisso de proteger Assange, considerando que a sua vida "está em risco", embora considere um "problema herdado que causa incômodo" para seu governo.