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A um ano do Brexit, Theresa May prega a unidade nacional

Emmanuel Dunand/AFP Photo
Imagem: Emmanuel Dunand/AFP Photo

Em Londres

29/03/2018 10h47

Faltando exatamente um ano para a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), a primeira-ministra britânica Theresa May realiza nesta quinta-feira um giro pelo Reino Unido para unir e tranquilizar seus concidadãos.

"Hoje, um ano antes de o Reino Unido deixar a UE e começar a traçar o seu novo caminho no mundo, vou visitar as quatro nações da União para ouvir o que as pessoas, em todo o país, pensam sobre o Brexit", declarou May em um comunicado.

"No momento em que deixamos a UE, estou determinada a fortalecer os laços que nos unem", acrescentou.

Convencida de que o futuro será "radiante", a chefe de Governo fala de um futuro Reino Unido "negociando livremente com seus amigos e parceiros na Europa e além".

"Tendo recuperado o controle de nossas leis, nossas fronteiras e nosso dinheiro, e aproveitado as oportunidades oferecidas pelo Brexit, o Reino Unido prosperará como um país forte e unido, e isso beneficiará a todos que votaram a favor ou contra o Brexit", acrescenta.

TheresaMay iniciou sua excursão pela Escócia, onde visitou uma fábrica de tecidos em Ayrshire. Depois visitará um grupo de pais e filhos de Newcastle (nordeste da Inglaterra) e almoçará com agricultores perto de Belfast, capital da Irlanda do Norte, antes de viajar para Barry (País de Gales), onde participará de uma mesa redonda com empresários galeses.

A última etapa será uma reunião com poloneses instalados na capital britânica.

- 'Horizonte glorioso' -O Reino Unido deixará a UE em 29 de março de 2019, dois anos depois de ter desencadeado o processo de divórcio, ativando o artigo 50 do Tratado de Lisboa, e quase três anos depois de 52% da população votar a favor do Brexit no referendo de 23 de junho de 2016.

Dada a impossibilidade de obter um acordo sobre o futuro relacionamento econômico com suas ex-parceiros europeus antes deste prazo, TheresaMay obteve um período de transição até ao final de 2020, durante o qual Londres não poderá intervir nas decisões da UE, mas continuará a pertencer ao mercado único.

"Nossa jornada nacional para deixar a UE está quase no fim, e um horizonte glorioso se anuncia diante de nós", declarou o ministro das Relações Exteriores britânico, Boris Johnson, nas páginas do Daily Express.

Este jornal claramente anti-UE cita uma pesquisa realizada com mais de 2.000 pessoas na internet, segundo a qual 65% dos eleitores se opõem a um segundo referendo. Mas a questão continua a dividir o país, e muitos pró-UE contam com as incertezas do Brexit para tentar reverter o processo de saída.

"Não é tarde demais", disse o ex-primeiro-ministro Tony Blair na BBC. Uma vez que os termos do divórcio forem revelados, os eleitores deverão se pronunciar, alega Blair.

Para o ex-primeiro ministro, o Brexit foi a maior decisão tomada pelo Reino Unido desde o final da Segunda Guerra Mundial. "Poderemos então decidir se esses termos são melhores do que os que temos agora".

TheresaMay disse que com o Brexit, as diferentes províncias que compõem o Reino Unido terão poderes mais amplos e tenta tranquilizá-los.

May também se comprometeu a "proteger a integridade do Reino Unido como um todo", enquanto segura as negociações com a UE sobre a questão da fronteira entre a província britânica da Irlanda do Norte e a vizinha República da Irlanda (membro da UE).