Conheça o castelo que um dia foi a casa de férias da dinastia Kim na Coreia do Sul
Quando Kim Jong-un atravessar a Linha de Demarcação Militar para participar na reunião de cúpula desta sexta-feira (26), ele será o primeiro governante da dinastia no poder em Pyongyang a pisar na Coreia do Sul desde o fim da guerra. Seu avô Kim Il-sung, no entanto, tinha uma casa de férias nas proximidades.
Localizada em uma área com vista para uma praia de Hwajinpo, na cidade de Goseong, a poucos quilômetros ao leste do fim da Zona Desmilitarizada que divide a península, há uma pequena casa de pedras cercada por pinheiros. Atualmente é conhecida como o Castelo de Hwajinpo, mas antes da guerra, quando ainda era parte de seu território, a família Kim passava as férias no local.
Do lado de fora, uma reprodução de uma foto em preto e branco mostra cinco crianças nas escadas, incluindo o pai e antecessor de Kim Jong-un, Kim Jong-il, que na época tinha seis anos. Uma placa de metal afirma: "O local em que Kim Jong-il e sua irmã Kim Kyong-hui foram fotografados em agosto de 1948".
O condado de Goseong e a faixa que hoje integra a província de Gangwon, atualmente pertencentes a Seul, eram parte dos territórios do Norte quando Estados Unidos e União Soviética concordaram em dividir a península pelo Paralelo 38, após a rendição dos japoneses que acabou com a Segunda Guerra Mundial e terminou com o mandato colonial nipônico sobre a Coreia.
Esta é uma das poucas áreas que mudou de controle no brutal conflito que aconteceu entre 1950 e 1953, durante o qual milhões de pessoas morreram. Agora é parte da província sul-coreana de Gangwon.
Ainda restam outros lugares com um legado similar, como um edifício de três andares em Cheorwon, ao norte de Seul, atualmente vazio, mas que abrigou a sede regional do Partido dos Trabalhadores que governa a Coreia do Norte.
"Durante cinco anos, a Coreia do Norte governou esta zona, cometendo vários atos brutais, como a tortura e o assassinato de pessoas", afirma um cartaz.
A propriedade de Hwajinpo sofreu danos significativos durante a guerra, mas foi restaurada e utilizada como local de férias pelos soldados sul-coreanos ate a inauguração de um museu em 1999.
"O prédio é o local em que eles ficavam", afirma o guia Ham Ji-su.
O terraço oferece uma bela vista para o mar. Um quarto simples, com uma cama, um armário, um rádio e um telefone, da época em que eram usados pela família Kim, mostra como era a vida da época.
Kim Jong-il nunca voltou a pisar no Sul, mas se reuniu com dois presidentes sul-coreanos em Pyongyang: Kim Dae-jung em 2000 e Roh Moo-hyun em 2007.
A biografia oficial norte-coreana afirma que Kim Il-sung passou por Seul, ou além, nos primeiros dias da Guerra da Coreia, enquanto suas forças avançavam para o sul.
Nos anos posteriores à guerra, Pyongyang criou um culto à personalidade ao redor de Kim e muitos críticos afirmam que os relatos podem ser exagerados e devem ser encarados com ceticismo.
O ministério sul-coreano da Reunificação afirma que não tem registro da presença de Kim Il-sung, mas não nega suas incursões. A imprensa sul-coreana descreve os relatos como "não confirmados".
Mas seu neto estará em uma missão diferente em sua reunião com o presidente sul-coreano Moon Jae-in na sexta-feira.
Pyongyang, que tem armas nucleares mas enfrenta a beligerância do governo do presidente americano Donald Trump e o duro impacto das sanções da ONU por seu programa nuclear, iniciou uma campanha de aproximação nos últimos meses.
No último fim de semana, Kim Jong-un prometeu suspender os testes nucleares e de mísseis.
Agora o guia turístico Ham espera que a reunião possa abrir o caminho para que os norte-coreanos visitem a antiga casa de Kim Il-sung, insistindo que o imóvel não representa a divisão da península.
"Acredito que é um símbolo de harmonia.
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