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ONG denuncia que apenas nove de 33 obras da Odebrecht foram concluídas na Venezuela

22.mar.2018 - A estação Chuao é outra da Linha 5 do metrô de Caracas, na Venezuela, que a Odebrecht ainda não entregou: obra está parada e material de construção como vigas de aço está ao relento - Rayner Peña/UOL
22.mar.2018 - A estação Chuao é outra da Linha 5 do metrô de Caracas, na Venezuela, que a Odebrecht ainda não entregou: obra está parada e material de construção como vigas de aço está ao relento Imagem: Rayner Peña/UOL

14/05/2018 06h15

Apenas nove das 33 obras contratadas pelo governo venezuelano com a empreiteira brasileira Odebrecht foram realizadas e não foram encontrados documentos suficientes para permitir uma investigação, afirma um relatório divulgado pela ONG Transparência Venezuela.

De 33 obras assinadas pela Odebrecht na Venezuela, "só conseguimos cópia de nove", afirma a ONG, que acusa a justiça venezuelana de "opacidade e silêncio".

"Temos certeza apenas de nove foram concluídas".

A organização afirma que 20 contratos com a empresa superam 29,974 bilhões de dólares.

Com base nas confissões de executivos da Odebrecht, a ONG indica que, excluído o Brasil, "a Venezuela é o país onde a empresa pagou a maior quantia de subornos para obter contratos".

Embora funcionários da Odebrecht tenham afirmado em um tribunal de Nova York que a empresa pagou 98 milhões de dólares a funcionários do governo venezuelano para obter os contratos, a ONG calcula que os subornos seriam superiors a 1,3 bilhão de dólares.

"Todos os governos da região envolvidos nesta trama foram impactados por este fato. Este não é o caso da Venezuela, que engavetou as investigações que começaram em 2017", afirma a Transparência Internacional.

O escândalo da Odebrecht provocou a renúncia em março do presidente peruano Pedro Pablo Kuczynski e também afetou seus antecessores, Ollanta Humala e Alejandro Toledo.

O caso provocou ainda a destituição e condenação do vice-presidente equatoriano Jorge Glas.

No Brasil, o escândalo provocou as prisões de vários executivos, incluindo o presidente do grupo, Marcelo Odebrecht, e de vários políticos, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O Parlamento venezuelano, controlado pela oposição, autorizou em 18 de abril um processo contra o presidente Nicolás Maduro - que aspira a reeleição na votação antecipada de 20 de maio - por suspeita de corrupção no caso Odebrecht.

A decisão foi simbólica porque os atos do Legislativo são considerados nulos pela principal corte de justiça do país, acusada pela oposição de servir aos interesses do governo.