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Farc começa a responder por sequestros na justiça de paz da Colômbia

Rodrigo Londono faz declarações à mídia depois de participar de audiência em tribunal - Luisa Gonzalez/Reuters
Rodrigo Londono faz declarações à mídia depois de participar de audiência em tribunal Imagem: Luisa Gonzalez/Reuters

Em Bogotá

13/07/2018 23h19

Os outrora chefes rebeldes das Farc se sentaram pela primeira vez no banco dos réus para responder por milhares de sequestros, como parte do acordo de paz que terminou com mais de meio século de conflito na Colômbia.

Rodrigo Londoño (Timochenko), líder daquela a guerrilha mais poderosa da América, compareceu à primeira audiência de julgamento com base no sistema especial pactuado com o governo para reparar as vítimas.

"Pedimos perdão a todas elas, faremos até o impossível para que possam saber a verdade sobre o ocorrido, assumiremos as responsabilidades que nos correspondam", afirmou Rodrigo Londoño.

A Justiça Especial para a Paz (JEP) citou 31 responsáveis das já dissolvidas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia por "retenção ilegal de pessoas".

No entanto, somente Timochenko e os também dirigentes Pablo Catatumbo e Carlos Lozada assistiram à audiência realizada no norte de Bogotá. Os demais enviaram seus advogados ou no caso de Jesús Santrich - detido pelos Estados Unidos sob acusações de narcotráfico - participou através de uma teleconferência da prisão.

"Estou aqui à sua disposição, com uma profunda emoção de ver como se cristaliza esse sonho que construímos em Havana", disse Londoño no início da audiência.

Ao fim da audiência, reafirmou os compromissos de contribuir "até onde seja possível" com a reparação dos afetados e de jamais voltar a exercer a violência.

O presidente em final de mandato, Juan Manuel Santos, celebrou o início dos julgamentos: "Isto é um sinal muito importante, porque isto significa que tudo o que disseram sobre ser uma paz com impunidade era uma falácia".

O ministério documentou 6.162 casos de sequestro, com 8.163 vítimas, que envolvem os antigos guerrilheiros. Nesta causa, a JEP saberá dos delitos relacionados com essa prática entre 1993 e 2012.

As Farc se comprometeram a confessar seus crimes e reparar as vítimas de sua prolongada e fracassada luta pelo poder, em troca de receber uma pena alternativa à prisão e o direito de poder exercer a política.

Se cumprirem o acordado e nunca mais exercerem a violência, pegarão penas de entre cinco e oito anos em um lugar distinto à prisão que ainda não foi definido.