Topo

Califórnia é castigada por novo incêndio recorde

07/08/2018 23h07

Clearlake Oaks, Estados Unidos, 8 Ago 2018 (AFP) - A Califórnia sofre com o maior incêndio de sua história recente, o "Complexo Mendocino", que ganha terreno no norte do estado mais populoso dos Estados Unidos.

Esse grande incêndio é composto de dois focos próximos deflagrados em 27 de julho e que formaram, juntos, o maior incêndio já conhecido na Califórnia.

Nas últimas horas, as chamas consumiram mais 3 mil hectares e a área destruída se aproxima de 121.400 hectares; 10 vezes o tamanho de San Francisco e quase a área de Los Angeles.

O recorde anterior de incêndio na Califórnia remonta há apenas oito meses: 114.078 hectares devastados em dezembro de 2017 pelo incêndio Thomas.

No total, dez pessoas morreram desde o início do verão (hemisfério norte) em meio às chamas que devastam a Califórnia. O "Mendocino" provocou dois óbitos.

Até agora, somente 34% do "Complexo Mendocino" foi controlado, segundo dados atualizados do CalFire, o serviço estadual de luta contra incêndios.

"Ainda há muito trabalho por fazer", disse um dos chefes de operações, Charlie Blankenheim. "Temos um plano para tudo isto e acreditamos que em um dia ou dois vamos ter algum sucesso e começar a neutralizar" as chamas.

Este incêndio cresce em direção ao norte e ao leste em uma zona de bosques em um Parque Nacional, onde os bombeiros fazem linhas de contenção.

As condições climáticas só avivam as chamas, que já destruíram 143 prédios, sendo 75 residências, e ameaçam outros 11.300 imóveis.

- Tornado de fogo -Mais ao norte da Califórnia, arde desde 23 de julho um outro incêndio devastador, o "Carr", que deixou sete mortos e destruiu mais de 1.600 imóveis, incluindo cerca de mil residências. De acordo com o último balanço do CalFire, nesta terça-feira, as chamas haviam sido contidas em 47%.

O incêndio Carr, tão intenso que gerou, em alguns momentos, um turbilhão semelhante a um tornado de fogo, foi provocado - segundo as autoridades - pela "falha mecânica de um veículo", causando faíscas em uma zona que virou cinzas por conta da seca.

O "Ferguson", outro grande incêndio da região deflagrado em 13 de julho e que matou dois bombeiros e provocou o fechamento parcial do parque nacional de Yosemite em plena temporada de férias, estava contido em 38%.

Mais de 14.000 bombeiros combatem as chamas no estado.

Milhares de pessoas foram retiradas desde o início dessa série de incêndios. Alguns foram autorizadas a voltar para suas casas nos últimos dias.

Esses incêndios são "extremamente rápidos, extremamente agressivos, extremamente perigosos", declarou Scott McLean, chefe adjunto do departamento florestal da Califórnia e da proteção contra incêndios.

"Vejam como este ficou enorme em apenas alguns dias (...). Vejam com que rapidez esse incêndio do Complexo Mendocino subiu na classificação", apontou McLean.

- 'Estufa' -O presidente americano, Donald Trump, revelou ter declarado estado de "desastre maior" na Califórnia e que acompanha a situação de perto, após saudar as equipes que combatem as chamas.

"Há uma situação muito dura na Califórnia por vários anos. Vamos realizar algumas reuniões a este respeito, porque há coisas que podem ser feitas para paliar isto".

No domingo, Trump havia culpado a falta de água para o combate às chamas e recomendado "cortar as árvores".

Ignorando qualquer relação com o fenômeno da mudança climática, Trump também afirmou que os incêndios californianos eram "amplificados" pelas "leis ambientais ruins que não permitem usar corretamente enormes quantidades de água facilmente acessível".

"Se desviou no oceano Pacífico. Também é preciso cortar as árvores para impedir o fogo de se alastrar", tuitou Trump. No ano passado, o presidente retirou os EUA do Acordo de Paris sobre o clima.

Na verdade, "temos muita água para lutar contra os incêndios, mas, sejamos claros: é nosso clima modificado que leva a incêndios mais graves e mais destrutivos", declarou ao jornal The New York Times o subchefe adjunto do CalFire, Daniel Berlant.

oh/plh/lch/phv/tt

THE NEW YORK TIMES COMPANY