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Ex-prefeita de Lima admite que Odebrecht e OAS pagaram campanha eleitoral

Sede da Odebrecht em Lima, no Peru - Mariana Bazo / Reuters
Sede da Odebrecht em Lima, no Peru Imagem: Mariana Bazo / Reuters

Em Lima

12/05/2019 16h33

A ex-prefeita socialista de Lima Susana Villarán admitiu hoje que as empresas brasileiras Odebrecht e OAS deram 4 milhões de dólares para a campanha contra a revogação de seu mandato, em 2013.

"Sempre soube de aportes de empresas à campanha do Não à Revogação. José Miguel Castro [então gerente municipal de Villarán] e eu tomamos a decisão de procurar e aceitar os fundo de campanha", disse Villarán à rádio Exitosa.

Os apoiadores da revogação do mandato de Villarán consideravam, em 2013, que a gestão da prefeita era ineficiente, e por isso foi realizado um referendo.

"O que tenho certeza é que a OAS e a Odebrecht financiaram a campanha do Não à Revogação e não sabíamos então que tinham fundos ilegais de caixa dois ou de operações estruturadas", afirmou a ex-prefeita.

"Eu sabia dos 4 milhões de dólares recebidos. Foi dinheiro pago diretamente entre brasileiros", garantiu.

Após assumir a responsabilidade, Villarán admitiu ter cometido um erro ao aceitar que empresas com projetos na capital peruana financiassem a campanha do Não à Revogação - que acabou sendo vencedora.

O Judiciário vai avaliar, na segunda-feira, um pedido do Ministério Público para substituir a ordem de comparecimento com restrições atualmente imposta à ex-prefeita por uma medida de prisão preventiva por 36 meses.

A ordem de comparecimento com restrições lhe obriga a ir mensalmente ao MP para controle, não deixar Lima e não mudar de endereço sem autorização judiciária anterior.

O ex-diretor da Odebrecht no Peru, Jorge Barata, confirmou em 25 de abril ao MP peruano que a empreiteira tinha dado dinheiro para a campanha contra a revogação do mandato de Villarán.

Barata ratificou aos procuradores que a empresa aportou 3 milhões de dólares nessa campanha.

De acordo com ele, os diretores da Odebrecht apoiaram Villarán porque temiam que, caso fosse destituída, as obras que a empresa fazia na cidade poderiam ficar em risco.

O depoimento de Barata ocorreu no âmbito de um acordo de colaboração assinado entre a Odebrecht e o MP peruano em dezembro.