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Após renúncia de líder do partido, Angela Merkel perde força na Alemanha

21.fev.2018 - Angela Merkel aguarda a chegada do primeiro-ministro da Macedônia Zoran Zaev para uma reunião em Berlim - Markus Schreiber/AP
21.fev.2018 - Angela Merkel aguarda a chegada do primeiro-ministro da Macedônia Zoran Zaev para uma reunião em Berlim Imagem: Markus Schreiber/AP

02/06/2019 13h36

A líder do Partido Social-Democrata da Alemanha anunciou sua renúncia neste domingo, após a derrota nas eleições europeias, o que enfraqueceu ainda mais a coalizão de governo de Angela Merkel, cujo partido também enfrenta dificuldades a poucos meses das eleições regionais.

Andrea Nahles recebeu fortes críticas após o péssimo resultado do SPD nas eleições europeias, quando o partido registrou o mínimo histórico, ao receber apenas 15% dos votos, ficando atrás dos Verdes (20%).

"As discussões dentro da bancada parlamentar e as muitas reações do partido mostraram que não conto mais com o apoio necessário para exercer minhas funções", afirmou em um comunicado.

Desta maneira, a primeira mulher a liderar o SPD atirou a toalha, dois dias antes de uma votação interna que decidiria seu destino. Ela também renunciou ao cargo de deputada, informou um porta-voz do partido.

A saída de Nahles, que desde que assumiu o cargo teve que suportar as críticas e a perseguição dos rivais dentro do partido, que desejavam que o SPD abandonasse a coalizão de governo, pode acelerar a decomposição do Executivo.

A chanceler Angela Merkel prometeu que o governo continuará com seu trabalho.

"Quero dizer em nome do governo que continuaremos com nosso trabalho com toda seriedade e com grande responsabilidade", afirmou.

Muitas figuras do SPD defendem o fim da aliança formada com a CDU de Angela Merkel, o que poderia provocar eleições antecipadas e o fim prematuro do governo da chanceler, que tem mandato até 2021.

Os social-democratas haviam programado tomar uma decisão sobre a questão em setembro, na metade do mandato de Merkel, por ocasião de eleições regionais delicadas em três pontos da ex-Alemanha Oriental. Nestes "Länder", o partido de extrema-direita AfD espera ter o dobro de votos do Partido Democrata-Cristão (CDU).

Voltar à oposição

A coalizão de governo, conhecida como "GroKo", formada em 2018 apesar da rejeição de parte do SPD, que enfrentou diversas crises nos últimos meses, parece mais ameaçada do que nunca. A situação é admitida até mesmo por alguns de seus defensores.

"Aos que comemoram sua saída: é uma grande perda para a política alemã. Nahles defendia a existência da GroKo, cuja estabilidade está agora em questão", lamentou Harald Christ, vice-presidente do fórum econômico do SPD.

A vontade de voltar à oposição ganhou força dentro do partido mais antigo da Alemanha desde o catastrófico resultado nas legislativas de 2017.

Um dos pesos pesados do partido, Olaf Scholz, vice-chanceler e ministro das Finanças, afirmou à imprensa que a "GroKo" não deveria ser repetida depois de 2021, pois "três grandes coalizões consecutivas não beneficiam a democracia alemã".

A CDU expressou preocupação a respeito e afirmou que vai refletir sobre como seria possível manter a atual coalizão.

Mas sua líder, Annegret Kramp-Karrenbauer, que substituiu Merkel há um ano à frente do partido e é considerada uma possível sucessora da chanceler, também enfrenta momentos difíceis após as eleições europeias, vencidas pela CDU, mas com seu menor índice de votos na história das votações continentais.

Enquanto isso, o Partido Verde mantém sua ascensão. Uma pesquisa divulgada no sábado mostrou a formação pela primeira vez na liderança das intenções de voto a nível nacional com 27%, à frente da CDU (26%) e do SPD (12%).