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PIB fraco na zona do euro desperta medo de estagnação

Reuters
Imagem: Reuters

em Bruxelas (Bélgica)

31/10/2019 16h13

O crescimento da zona do euro continuou fraco no segundo trimestre de 2019, segundo dados publicados nesta quinta-feira (31), uma consequência dos problemas da indústria, que desperta temores de uma nova fase de desaceleração.

De acordo com a primeira estimativa do gabinete europeu de estatística do Eurostat, o crescimento do PIB nos 19 países que usam o euro como moeda foi de 0,2% no terceiro trimestre, o mesmo que no trimestre anterior.

"A economia da zona do euro não continuou desacelerando no terceiro trimestre, o que já é uma boa notícia no atual contexto de incerteza", disse Bert Colijn, economista do ING.

No entanto, "persistem os temores de um novo freio à atividade econômica por causa da continuação da recessão industrial", segundo o especialista, que afirma que "são necessárias notícias positivas do ambiente de negócios" para evitar um declínio.

A desaceleração da atividade na zona do euro faz parte de um contexto semelhante na economia global, afetada há meses pela guerra comercial e pelo Brexit, particularmente em países exportadores como a Alemanha, cuja indústria está em recessão.

A única boa notícia da Eurostat nesta quinta-feira foi que a taxa de crescimento no terceiro trimestre é superior à prevista por analistas, como os consultados pela FactSet, que esperavam uma progressão limitada a 0,1%.

"Os próximos meses devem ser difíceis", diz Bert Colijn. "O quarto trimestre não começou bem e (...) por enquanto, os riscos negativos podem persistir".

Segundo Andrew Kenningham, da Capital Economics, os indicadores mais recentes sugerem que o crescimento "deve desacelerar novamente no quarto trimestre".

A zona do euro "provavelmente avançará a uma taxa trimestral fraca de cerca de 0,1% no próximo ano", disse ele.

Nesse contexto, o Banco Central Europeu (BCE) - cuja nova presidente, Christine Lagarde, francesa, toma posse nesta sexta-feira - deve manter sua política de taxas de juros muito baixa para apoiar a economia.

Inflação longe da meta

A inflação na zona do euro ainda está longe da meta do BCE - em um nível ligeiramente abaixo de 2%.

Em outubro, se manteve em 0,7%, segundo dados do Eurostat desta quinta-feira, o menor valor desde novembro de 2016 (0,6%). A lentidão é explicada pela queda nos preços da energia em outubro (-3,2%).

O núcleo da inflação (que não inclui produtos voláteis, como energia, alimentos, álcool e tabaco) foi de 1,1%, ante 1,0% em setembro.

Ao mesmo tempo, a taxa de desemprego, também anunciada na quinta-feira pelo Eurostat, permaneceu estável em 7,5% em setembro, como em agosto (dado revisado).

Essa é a taxa mais baixa em 11 anos. "Acreditamos que o desemprego permanecerá nesse nível pelos próximos meses", diz Andrew Kenningham.

Desde que o desemprego na zona do euro caiu, em setembro de 2016, para abaixo de 10%, ele não parou de recuar.

Nos piores momentos da crise, o desemprego atingiu um recorde de 12,1% em abril, maio e junho de 2013.

A Alemanha é o país da zona do euro com a menor taxa de desemprego em setembro (3,1%). No outro extremo, a Grécia tem a mais alta (16,9% em julho, o último dado disponível), seguida pela Espanha (14,2%).

Nos 28 países da UE, a taxa de desemprego foi de 6,3% em setembro, estável em relação a agosto (valor revisado).