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Trump chega a Londres em plena campanha eleitoral e após ataque terrorista

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos - Jonathan Ernst/Reuters
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos Imagem: Jonathan Ernst/Reuters

em Washington (EUA)

02/12/2019 20h02

O presidente de Estados Unidos, Donald Trump, chegou nesta segunda-feira (2) a Londres para participar da Cúpula da OTAN, em plena campanha eleitoral britânica e após o ataque terrorista na Ponte de Londres.

Durante o voo, Trump se gabou de ter convencido seus aliados europeus a aumentar os gastos com defesa. "Desde que assumi o cargo, o número de aliados da Otan que cumpre com suas obrigações mais que dobrou".

O avião do presidente pousou no Aeroporto de Stansted no início da noite, e nos próximos dois dias Trump participará da Cúpula do 70º Aniversário da Aliança Atlântica, que incluirá uma recepção da rainha Elizabeth II no Palácio de Buckingham.

Trump critica vários países da OTAN por seus investimentos insuficientes em Defesa e afirma que os Estados Unidos contribuem excessivamente com a organização.

O presidente também defende um Brexit duro e apoia abertamente o primeiro-ministro Boris Johnson, o que há uma semana e meia das legislativas britânicas de 12 de dezembro torna sua visita um fator de imprevisibilidade.

Até o momento não há um encontro bilateral previsto entre Trump e Johnson, que se declarou contra qualquer interferência do seu aliado americano na eleição.

"Quando há amigos e aliados próximos como Estados Unidos e Reino Unido, o melhor é um não se intrometer na campanha eleitoral do outro", disse Johnson na sexta-feira.

Impeachment

Trump também está envolvido na pré-campanha para as presidenciais de 2020 nos EUA e é acossado por um processo de impeachment promovido pelos democratas na Câmara de los Representantes.

"É uma vergonha absoluta o que eles estão fazendo com nosso país", disse o presidente republicano, referindo-se ao processo de impeachment no Congresso.

Após dois meses de investigação, a Câmara de Representantes, controlada pelos democratas, começa na quarta-feira debate legal para saber se os fatos apresentados pelo presidente são graves o suficiente para justificar o impeachment.

Apesar dessa movimentação política, já classificada por Trump como uma "caça às bruxas" e tentativa de golpe de Estado, o presidente ficou mais revoltado nesta segunda por conta da decisão dos "democratas radicais de esquerda", como o próprio definiu os opositores, por terem organizado uma audiência pública em um período em que ele estará fora do país para um evento que está "agendado há um ano".

Trump é acusado pela oposição de abuso de poder por reter a ajuda militar dos Estados Unidos para a Ucrânia para pressionar o governo do país europeu para abrir uma investigação de corrupção contra um possível adversário nas eleições de 2020, o ex-vice-presidente democrata Joe Biden.

O bilionário republicano disse que tem o direito de saber sobre um possível caso de "corrupção" de Biden, cujo filho Hunter fazia parte do conselho de uma companhia de gás ucraniana, e jura que não pressionou Kiev.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, negou novamente qualquer acordo do tipo "toma lá, dá cá" com Trump para esta ajuda militar, numa entrevista publicada nesta segunda em vários veículos internacionais, incluindo as revistas Time, Le Monde e Der Spiegel.

Trump considerou que isso deveria ser suficiente para provar sua inocência. "Se os democratas radicais de esquerda fossem sãos, o que eles não são, o caso terminaria!", escreveu no Twitter.

"Mas isso nunca vai acabar", disse depois à imprensa.

A investigação no Congresso contra Trump começou em 24 de setembro com audiências a portas fechadas em três comitês da Câmara dos Representantes. Em meados de novembro, o processo passou para a fase pública, na qual várias testemunhas forneceram elementos inconvenientes ao presidente ao Comitê de Inteligência da casa legislativa

Controlado pelos democratas, esse comitê deve aprovar, em votação na terça-feira, seu relatório e depois transmiti-lo ao Comitê Judiciário.

Também dominado pelos democratas, é esse comitê que assumirá as rédeas do processo de impeachment com a organização na quarta-feira da audiência de especialistas em direito constitucional.

O comitê terá que determinar se os fatos alegados contra Trump estão dentro dos possíveis motivos de impeachment citados na Constituição dos Estados Unidos, que são atos de "traição, corrupção ou outros crimes e delitos graves".

Por conta da maioria democrata na câmara baixa, Trump deve entrar nos livros de história como o terceiro presidente dos Estados Unidos a enfrentar um processo de impeachment. Mas sua destituição é improvável, porque o encarregado de julgar Trump será o Senado, controlado pelos republicanos e onde a maioria atualmente apoia o presidente.