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Militares pedem que moradores deixem suas casas por incêndios na Austrália

Imagem da Kangaroo Island, na Austrália, após incêndios entre 2019 e 2020 - David Mariuz/AAP Image via Reuters
Imagem da Kangaroo Island, na Austrália, após incêndios entre 2019 e 2020 Imagem: David Mariuz/AAP Image via Reuters

Em Sydney

09/01/2020 08h47

Os militares estão indo de casa em casa hoje, pedindo aos habitantes de uma ilha no sul da Austrália que fujam dos incêndios que podem piorar nos próximos dias, devido a uma nova onda de calor.

A temporada de incêndios, especialmente precoce e violenta este ano, já deixou 26 mortos na Austrália, destruiu uma superfície equivalente à ilha da Irlanda e destruiu mais de 2 mil casas.

Hoje os soldados iam de casa em casa na cidade de Parndana, na ilha Kangaroo, sudoeste de Adelaide, para pedir aos moradores que deixem a região, diante da ameaça de novos incêndios mortais. Nessa área, o termômetro já atingiu 38ºC.

"As condições são tais, que o risco é importante para os bombeiros que lutam para controlar os incêndios e para qualquer pessoa que esteja no local", disse Mark Jones, do Corpo de Bombeiros.

"Situação muito perigosa"

As autoridades do estado vizinho de Victoria também estenderam o estado de catástrofe natural por mais dois dias. As altas temperaturas esperadas para sexta-feira podem alimentar os incêndios.

"Teremos que enfrentar uma situação muito perigosa e muito ativa nas próximas 12, 24 e 36 horas", disse Andrew Crisp, uma autoridade do estado, cuja capital é Melbourne.

O primeiro-ministro de Victoria, Daniel Andrews, alertou a população para que se prepare para um longo desafio. "Estamos apenas no começo do que será um verão muito, muito duro", disse ele.

Embora tenha havido uma breve trégua no início da semana, graças a temperaturas mais baixas e a alguma chuva, quase 150 incêndios ainda estão ativos em Victoria e Nova Gales do Sul, os dois estados mais afetados e também os mais populosos.

"Não vamos nos empolgar com a chuva que tivemos", declarou a ministra da Polícia de Victoria, Lisa Neville. "Esses incêndios continuam a avançar, crescendo em nossa paisagem e apresentam um risco significativo para a nossa população", frisou.

Os bombeiros aproveitaram essas condições mais favoráveis para tomar medidas preventivas, como operações de limpeza e queimadas controladas.

"É preciso apenas uma faísca para o fogo acender, e é isso que nos preocupa para amanhã", disse John Cullen, também do Corpo de Bombeiros.

O Corpo de Bombeiros anunciou ainda que um helicóptero hidráulico colidiu hoje com uma barragem. O piloto conseguiu escapar em segurança.

Nas áreas devastadas, alguns moradores já iniciaram as operações de limpeza e de reconstrução, que podem durar anos.

Nova Gales do Sul anunciou que destinará 1,2 bilhão de dólares australianos (US$ 680 milhões de dólares ou cerca de R$ 2,7 bilhões) para reparar a infraestrutura nas áreas destruídas.

A este valor, somam-se os 2 bilhões prometidos pelo governo federal para ajudar as localidades afetadas.

1 bilhão de animais mortos

Os incêndios também são uma catástrofe ecológica.

Em um estudo, o professor Chris Dickman, da Universidade de Sydney, estimou na segunda-feira que 1 bilhão de animais havia morrido, incluindo mamíferos, aves, répteis, insetos e invertebrados.

"A destruição atual, tão rápida e em uma área tão ampla, não tem comparação. É um fato monstruoso em termos de área de superfície e também em relação ao número de animais afetados", disse ele, apontando a mudança climática como uma das causas.

"Às vezes, se diz que a Austrália é como o canário que se colocava na mina de carvão para indicar se havia perigo", acrescentou.

"Provavelmente, observamos na Austrália o que resultará das mudanças climáticas em outras regiões do mundo", completou.

Na Austrália, 2019 foi o ano mais quente e seco já registrado. O dia 18 de dezembro foi o mais quente até hoje, com uma média nacional de 41,9°C.