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Maduro e Guaidó em guerra de números sobre o novo coronavírus

Nicolás Maduro (à esq.) e Juan Guaidó - Getty Images/BBC
Nicolás Maduro (à esq.) e Juan Guaidó Imagem: Getty Images/BBC

em Caracas (Venezuela)

23/03/2020 19h05

O combate ao novo coronavírus é um novo campo de batalha entre o presidente Nicolás Maduro e o líder opositor Juan Guaidó, que acusa o governo de mentir sobre a quantidade de infectados na Venezuela.

Maduro informou no último domingo que na Venezuela foram registrados 77 casos, mas Guaidó estimou que teriam 200 casos.

"Recebemos a informação interna de um dos ministérios (...) de aproximadamente 200 casos. Isso é o que mostra a contradição da ditadura" de Maduro, disse Guaidó a jornalistas.

Há mais de um ano, muitos países reconhecem Guaidó como presidente interino da Venezuela. No entanto, Maduro mantém o controle do território e do Estado.

Nesta segunda-feira (23), o ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, confirmou que o número correto é de 77 casos e que, e que se não fosse pela quarentena nacional imposta na última semana, poderiam chegar a 3.000 casos.

Guaidó acusou o governo de Maduro de mentir e argumentou que "a ditadura" está "amedrontando" os que questionam os dados oficiais ou denunciam as carências no sistema de saúde.

O líder opositor disse ter informações de funcionários "preocupados" por que "a crise não está sendo manejada de uma maneira responsável e clara".

O ex-ministro da Saúde, José Félix Oletta, informou que podem existir "atrasos" na detecção dos casos, por complicações logísticas durante o transporte das mostras a Caracas, onde está localizado o centro de testes para o vírus.

O governo de Maduro, acusado pela oposição de ocultar recorrentemente o acesso à informação em diversas áreas, centralizou os avanços sobre a detecção do coronavírus no país.

Por questionar os números oficiais no Twitter, um jornalista foi preso na noite do último sábado, denunciou o Sindicato Nacional dos Jornalistas.

A pandemia encontra uma Venezuela que tem sua economia devastada por seis anos consecutivos de recessão, uma enorme inflação e violenta desvalorização da moeda nacional. Além disso, a antiga potência petrolífera enfrenta um colapso dos serviços públicos e aumento nos valores de bens e medicamentos.

As atividades de trabalho e escolas estão suspensas no país, assim como voos nacionais e internacionais, com exceção dos voos de carga.