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Popularidade de Angela Merkel retoma força durante crise do coronavírus

Chanceler alemã, Angela Merkel - POOL New
Chanceler alemã, Angela Merkel Imagem: POOL New

28/03/2020 11h20

A direita conservadora da chanceler Angela Merkel, impopular e criticada pelos ecologistas há poucas semanas, retoma forças em plena pandemia de coronavírus, graças à boa gestão da crise, elogiada pelos alemães.

Até o mês passado, os conservadores da Alemanha enfrentavam uma crise interna sem precedentes, provocada por divergências sobre a postura a adotar diante da extrema-direita. Agora, os conservadores dominam as pesquisas de intenção de voto com 35%.

O Partido Democrata-Cristão (CDU) da chanceler subiu 7 pontos no termômetro político do canal ZDF publicado esta semana.

Apesar da propagação da pandemia, com quase 4.000 novos casos oficialmente declarados a cada dia, a Alemanha parece menos afetada que alguns vizinhos europeus, com um número de mortes consideravelmente inferior.

Discrição na crise

A chanceler, no poder há 14 anos, está na linha de frente. Merkel, que sempre optou pela discrição nos momentos de crise, a ponto de ser acusada de inércia, aumentou o número de entrevistas coletivas e explica detalhadamente as medidas de confinamento.

E ela também fez um discurso à nação, algo inédito, que foi acompanhado por milhões de telespectadores.

Merkel também foi vista em um supermercado de Berlim enquanto empurrava o carrinho de compras, com garrafas de vinho e um pacote de papel higiênico.

A chanceler também conquistou a simpatia dos compatriotas ao anunciar que entraria em quarentena depois que teve contato com um médico que apresentou resultado positivo para o novo coronavírus.

Desde então, aos 65 anos, ela segue administrando o país por videoconferência. Recentemente, admitiu em uma gravação que era difícil lidar com o confinamento, assim como com a falta de contato com ministros e conselheiros.

"Infelizmente, o número diário de novas infecções não nos permite baixar a guarda e abrir mão de respeitar as regras", advertiu neste sábado, em seu podcast semanal.

A crise pode, inclusive, mudar a disputa pela sucessão de Merkel em 2021.

Inicialmente prevista para 25 de abril, a eleição do novo líder conservador e futuro candidato à chancelaria foi adiada por tempo indeterminado.

O grande rival da chanceler centrista, Friedrich Merz, que defende uma guinada à direita do partido, está em baixa: sua posição extremamente liberal na economia não é adequada à demanda dos alemães por apoio do Estado.

Seu adversário, o moderado Armin Laschet, dirigente regional próximo a Merkel e apoiado pelo popular ministro da Saúde, Jens Spahn, tem um perfil mais unificador.

Mas é o dirigente bávaro Markus Söder que emerge como grande figura na crise. Söder, que governa uma região afetada em cheio pela Covid-19, se tornou a personalidade mais popular depois de Merkel. Os alemães celebram a rapidez com a qual a Baviera adotou medidas de confinamento.

Os Verdes, na oposição, estão abaixo dos 20% das intenções de voto no momento. Mas a grande derrotada é a extrema-direita e o partido Alternativa para Alemanha (AfD). O AfD registra atualmente menos de 10% das intenções de voto.

Como consequência da pandemia de Covid-19, "há um retorno a virtudes bastante alheias ao AfD: solidariedade, confiabilidade, prudência, confiança no poder e no espírito das luzes", analisa um editorial da revista Der Spiegel, que teme, no entanto, o fim deste cenário em caso de crise econômica e social.

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