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Moscou flexibiliza confinamento apesar do aumento de casos de coronavírus

Jovens andando nas ruas de Moscou, na Rússia, durante pandemia - Valery Sharifulin / TASS
Jovens andando nas ruas de Moscou, na Rússia, durante pandemia Imagem: Valery Sharifulin / TASS

01/06/2020 07h50

A capital da Rússia iniciou hoje uma nova etapa da flexibilização do confinamento, com a autorização de abertura de mais estabelecimentos comerciais e de passeios para os moradores, apesar do aumento do número de casos diários na semana passada.

O presidente Vladimir Putin espera que o governo apresente um plano de estímulo econômico até 2021, para enfrentar os danos provocados pela epidemia.

"O objetivo é passar a um crescimento perene com um aumento da renda da população", afirmou o primeiro-ministro Mikhail Mishustin.

A pandemia pode provocar uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) da Rússia de 5% a 6% este ano.

Depois de mais de dois meses fechados, muitos estabelecimentos comerciais foram autorizados a reabrir as portas, e os parques da capital estão novamente acessíveis aos moscovitas, que devem usar máscaras no espaço público. Cafés, restaurantes e cinemas continuam fechados, e as concentrações seguem proibidas até nova ordem.

No fim de março, o governo decretou um confinamento estrito em Moscou, epicentro da epidemia de coronavírus no país. Os moradores eram autorizados a fazer apenas compras essenciais, passear com os cachorros e retirar o lixo de suas casas. Um sistema eletrônico foi adotado em abril para observar o respeito às medidas.

Apesar de a epidemia apresentar certa estabilidade desde a segunda quinzena de maio na Rússia, a capital continua registrando um grande número de novos casos, 2.297, de acordo com o balanço oficial desta segunda-feira, com 76 mortes adicionais.

No total, a Rússia registrou 9.035 novos casos e 162 mortes nas últimas 24 horas, o que eleva o total para 414.878 infecções e 4.855 óbitos.

Moscou registra quase metade dos contágios e mortes do país.

O prefeito da capital russa, Serguei Sobianin, anunciou na quarta-feira que a cidade iniciaria a retomada das atividades em 1o de junho, com a permissão de reabertura para os estabelecimentos comerciais não essenciais.

Uma medida muito aguardada após dois meses de fechamento, o que abalou as finanças das empresas, apesar de o governo ter anunciado o adiamento dos impostos e a concessão de créditos sem juros.

Um estudo publicado pelo Centro de Pesquisas Estratégicas em abril aponta que quase um terço das empresas russas está ameaçada de falência, devido à queda na demanda provocada pela epidemia. As empresas de comércio e serviços são as mais afetadas.

Os moscovitas serão autorizados a passear, mas seguindo um protocolo tão complicado que provocou piadas e críticas no país.

O analista político Alexander Golts classificou o protocolo de "pura loucura".

Os edifícios da capital terão faixas de horário nas próximas duas semanas para que os moradores possam sair de casa: três dias por semana, de 9h a 21h.

Sobianin explicou que deseja evitar que as ruas de Moscou fiquem lotadas.

Pessoas com mais de 65 anos poderão sair de casa depois de mais de dois meses de confinamento total.

A próxima etapa da flexibilização na capital russa ainda não foi divulgada, mas as autoridades têm uma data no alvo: em 24 de junho será organizado o desfile militar para comemorar a vitória soviética sobre os nazistas. O evento estava previsto para 9 de maio.

Para a ocasião, as autoridades russas esperam que o confinamento tenha ficado para trás.