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Oposição volta a se manifestar em pleno confinamento em Buenos Aires

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, foi alvo de "bandeiraço" - Gonzalo Fuentes/Reuters
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, foi alvo de "bandeiraço" Imagem: Gonzalo Fuentes/Reuters

De Buenos Aires

01/08/2020 21h23

Uns 300 opositores protestaram neste sábado (1º) em frente ao Obelisco de Buenos Aires, apesar do confinamento, em repúdio ao projeto de reforma judicial do governo de Alberto Fernández, a quem acusam de tentar a "impunidade" para sua vice-presidente, a ex-mandatária Cristina Kirchner (2007-2015).

O "bandeiraço", convocado pelas redes sociais e menos numeroso do que a marcha "antiquarentena" de 9 de julho, transcorreu sem incidentes na capital, onde vigoram medidas de isolamento social obrigatório por causa da pandemia do novo coronavírus, que até agora provocou 200.000 contágios e 3.558 mortos na Argentina.

O presidente Fernández apresentou na quarta-feira um projeto de reforça centrado na justiça federal - que se ocupa de casos de tráfico de drogas e corrupção - com a intenção de "superar a crise que afeta a credibilidade" do poder judiciário, disse.

No âmbito federal estão tramitando os processos de suposta corrupção contra a ex-presidente, iniciados durante o governo de Mauricio Macri (2015-2019). O projeto oficial impulsiona o aumento de juizados federais e a nomeação de juízes, mas estipula que nos casos que estão em andamento serão mantidos os magistrados de origem.

Antes de o texto chegar ao Congresso, a coalizão opositora Juntos pela Mudança, liderada pelo ex-presidente Macri, antecipou seu repúdio e denunciou que "o motivo real é a impunidade". Segundo o senador da oposição Esteban Bullrich, a reforma custará entre 5 e 6 bilhões de pesos (65 a 79 milhões de dólares).

"Agora não podemos assumir o que vai custar a impunidade da senhora. Sendo assim, não quero que esta reforma vá adiante", declarou à AFP Rosa Bayón, uma aposentada de 67 anos, presente no protesto.

Gustavo Rodríguez, fotógrafo de 41 anos, afirmou que "há muitas coisas mais importantes do que reformar a justiça, como empresas que quebraram, muitas necessidades".

Outras críticas apontam à seleção de 11 prestigiosos juristas de diferentes áreas e simpatias políticas, convocados por Fernández para formar um comitê assessor porque entre eles está Carlos Beraldi, um dos advogados da ex-presidente.

O comitê assessor vai elaborar uma proposta para fazer mudanças na Suprema Corte, entre eles o possível aumento no número de integrantes, assim como o Conselho da Magistratura, que designa e julga os juízes, e da Procuradoria.