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Verificações: debate entre os candidatos à vice-presidência dos EUA

08/10/2020 11h42

Washington, 8 Out 2020 (AFP) - O republicano Mike Pence e a democrata Kamala Harris se enfrentaram na quarta-feira (8), no debate da vice-presidência dos Estados Unidos, discutindo questões como a resposta do governo Donald Trump ao coronavírus, impostos e saúde.

A AFP analisou alguns dos principais tópicos do debate. Confira abaixo:

- Coronavírus -Harris disse que o presidente Trump e Pence sabiam dos perigos do coronavírus - que matou mais de 211 mil pessoas nos Estados Unidos - no final de fevereiro, mas "acobertou" e "minimizou sua gravidade".

Isso é corroborado por entrevistas de Trump com o jornalista Bob Woodward. Em 19 de março, o presidente lhe disse: "Sempre quis minimizar" e "ainda quero minimizar porque não quero criar pânico".

Pence, que estava encarregado de controlar a pandemia, sustentou: "Desde o primeiro dia, o presidente colocou a saúde da América em primeiro lugar". Ele disse que o presidente suspendeu todas as viagens da China e que Biden chamou essa decisão de "xenófoba".

A afirmação de Pence está incorreta. Em vez de impedir as viagens da China, Trump impôs restrições com múltiplas exceções.

Uma análise do jornal "The New York Times" mostrou que milhares de viajantes entraram nos Estados Unidos vindos da China nos dois meses após as restrições.

Biden acusou Trump de xenofobia em vários tuítes, mas não ficou claro se ele se referia especificamente às medidas sobre viagens.

- Impostos -"Joe Biden aumentará seus impostos", disse Pence. Isso é parcialmente verdade, mas depende da renda.

O instituto Urban-Brookings Tax Policy Center disse que o plano tributário de Biden renderia ao Tesouro cerca de US$ 4 trilhões nos próximos dez anos. "Segundo seu plano, as famílias de renda mais alta teriam aumentos de impostos mais substanciais do que as de outras rendas, tanto em dólares quanto na parte tributável de sua renda".

Isso se refletiu na resposta de Harris à afirmação de Pence: "Joe Biden não aumentará os impostos de ninguém que ganhe menos de US$ 400.000 por ano".

Nem o que Pence disse nem a resposta de Harris, entretanto, podem ser totalmente verificados, já que o Congresso deve aprovar uma nova lei tributária para implementar o plano de Biden. Isso afetaria as obrigações fiscais para pessoas físicas e jurídicas.

- Condição preexistente -Harris afirmou que Trump está "na corte agora mesmo tentando se livrar do Affordable Care Act (ACA), o que significa que (o cidadão) perderá proteção, se tiver condições preexistentes". Isto está correto.

Por meio do Departamento de Justiça, o governo Trump argumentou, em um documento dirigido à Suprema Corte dos Estados Unidos que o ACA deve ser revogado, o que, como disse Harris, encerraria a proteção para pessoas com condições médicas preexistentes - o que, hoje, está previsto na legislação.

Pence respondeu: "O presidente Trump e eu temos um plano para melhorar os cuidados de saúde e proteger as condições preexistentes". Nenhum plano desse tipo foi apresentado ao Congresso.

Em 24 de setembro, no entanto, Trump assinou uma ordem executiva, estabelecendo que os Estados Unidos devem "garantir que os americanos com problemas de saúde preexistentes possam obter o seguro de sua escolha a preços acessíveis". Especialistas jurídicos afirmam, porém, que não se trata de um substituto para a proteção fornecida pelo ACA.

- Estado Islâmico -"O presidente Trump libertou o Exército dos Estados Unidos, e nossos militares destruíram o califado do EI e derrubaram seu líder al-Baghdadi sem uma única baixa americana", disse Pence, referindo-se ao grupo Estado Islâmico (EI), que controlava grandes porções do Iraque e da Síria.

Pence estava certo sobre a morte do líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi, em um ataque dos Estados Unidos, mas o restante de sua declaração é impreciso. Não foram as forças americanas, mas as tropas terrestres locais no Iraque e na Síria que desempenharam papel decisivo nas vitórias sobre os jihadistas, com os Estados Unidos se concentrando em lhes fornecer apoio aéreo, equipamento e treinamento.

- Fracking e combustíveis fósseis -Pence afirmou que Biden proibiria o "fracking" (fraturamento hidráulico) para a extração de petróleo e gás e que aboliria os combustíveis fósseis, prejudicando empregos na indústria de energia dos Estados Unidos.

Essa é uma acusação antiga contra Biden, porém enganosa, decorrente de um debate entre candidatos do Partido Democrata no ano passado, no qual ele disse que não concederia subvenções a nenhum dos dois setores.

Desde então, Biden disse que não encerraria os projetos existentes.

Em um debate este ano, Biden disse: "Chega. Chega de 'fracking'". E, durante uma entrevista este ano para uma emissora de Pittsburgh (nordeste da Pensilvânia), foi questionado novamente se pretendia parar essa indústria.

"Não, eu não fecharia esta indústria", respondeu Biden. Sua equipe de campanha também negou que haja planos para banir o "fracking".

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