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Quase 3 milhões de migrantes não podem voltar para casa por pandemia, diz ONU

Fechamento de fronteiras e confinamento dificultam retorno de migrantes a seus países - Aurelien Meunier/Getty Images
Fechamento de fronteiras e confinamento dificultam retorno de migrantes a seus países Imagem: Aurelien Meunier/Getty Images

09/10/2020 06h27

Genebra, 9 Out 2020 (AFP) - Pelo menos 2,75 milhões de migrantes não puderam voltar para casa nos últimos meses, devido às restrições impostas para conter a disseminação do novo coronavírus, anunciou a ONU (Organização das Nações Unidas) hoje, pedindo urgentemente mais cooperação internacional para encontrar soluções para esta crise.

"A instauração de dezenas de milhares de medidas de restrição de movimento, incluindo o fechamento de fronteiras e o confinamento, devido à covid-19, exige que os estados colaborem com seus vizinhos e com os países de origem dos migrantes para responder às suas necessidades e fragilidade", ressaltou o diretor-geral da OIM (Organização Internacional para as Migrações), Antonio Vitorino, na apresentação de um relatório sobre o tema.

Em função das necessidades da investigação, a OIM define migrantes, nesse caso particular, como as pessoas que não conseguem voltar para o país onde normalmente residem.

Esse balanço vai até 13 de julho e se baseia em dados coletados em 101 países. A organização observa que o número "subestima muito o total de migrantes realmente bloqueados, ou afetados pela covid-19".

Vitorino disse estar convencido de que "os migrantes podem ser mandados para casa com segurança e dignidade, apesar das limitações impostas pela covid-19".

"Onde os governos agiram, dezenas de milhares de migrantes puderam voltar para casa, levando-se em consideração os desafios de saúde colocados pela pandemia", disse ele.

"Corredores foram reabertos para os trabalhadores, para estimular economias tanto dos países de partida quanto de chegada e, desta forma, amenizar o impacto econômico da pandemia", alegou o diretor da OIM, acrescentando que essas práticas devem ser ampliadas.

A contagem da organização inclui trabalhadores sazonais, residentes temporários, estudantes internacionais e migrantes que, por exemplo, deslocam-se para receber atendimento médico.

O Oriente Médio e o Norte da África são as áreas com maior número de casos, com 1,26 milhão de pessoas; seguidas da Ásia-Pacífico (977 mil); Europa (203 mil); e Américas do Norte, Central e Caribe (111 mil).

A OIM indicou que recebeu pedidos de assistência de 115 mil migrantes bloqueados que desejavam voltar para casa voluntariamente. Nos últimos meses, conseguiu ajudar apenas 15 mil deles —os mais vulneráveis.

Bloqueados, os migrantes estão expostos a todo o tipo de perigo, de saúde e de segurança, alertou a organização.

A OIM também chamou a atenção para a situação enfrentada por quase 400.000 marinheiros bloqueados no mar, alguns há pelo menos 17 meses.