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Londres proíbe reuniões em espaços fechados para conter a pandemia

Aglomeração em Soho, em Londres, durante reabertura de pubs - JUSTIN TALLIS / AFP
Aglomeração em Soho, em Londres, durante reabertura de pubs Imagem: JUSTIN TALLIS / AFP

15/10/2020 10h19

Os nove milhões de habitantes de Londres não poderão se reunir com parentes e amigos em espaços fechados a partir de sábado, anunciou o governo britânico, que colocou a capital em nível de alerta "alto" pela segunda onda de coronavírus.

"Não entrei na política para impor restrições à vida das pessoas", afirmou nesta quinta-feira o ministro da Saúde, Matt Hancock, ao anunciar as medidas na Câmara dos Comuns.

"Mas devemos tomar decisões firmes e equilibradas para manter este vírus sob controle e devemos tomá-las agora", completou.

A partir de meia-noite de sexta-feira, a capital e outras sete zonas da Inglaterra, que incluem quase 11 milhões de pessoas, passarão do atual nível de alerta "médio" para "alto".

Isto implica a proibição de reuniões em locais fechados com parentes e amigos que não moram na mesma residência. Além disso, prossegue a proibição de reuniões com mais de seis pessoas - incluindo crianças - ao ar livre e o fechamento dos bares e restaurantes às 22h.

País mais afetado da Europa pelo coronavírus, o Reino Unido registra mais de 43.000 mortes confirmadas por covid-19 e o número de contágios aumentou rapidamente nos últimos dias, com quase 20.000 casos a cada 24 horas. Na quarta-feira, o balanço oficial registrou 137 óbitos.

"Em Londres, as taxas de infecção estão dobrando a cada 10 dias", destacou Hancock, que lamentou ter que anunciar "algumas das medidas mais duras adotadas por um governo em tempos de paz".

Jonathan Ashworth, secretário para questões de Saúde do opositor Partido Trabalhista, criticou o ministro e afirmou que "muitas coisas poderiam ter sido evitadas" se o governo conservador tivesse aproveitado o verão para estabelecer um sistema de testes e rastreamento eficaz.

Ele questionou "quantas pessoas a mais precisam morrer" para que o governo do primeiro-ministro Boris Johnson aplique um confinamento nacional de duas semanas para "quebrar o circuito" de contágios, como aconselharam os conselheiros científicos no fim de setembro.

O governo britânico se esforça para evitar um segundo confinamento geral, de catastróficas consequências econômicas após a histórica recessão provocada pelo primeiro. Boris Johnson anunciou na segunda-feira um novo sistema de alerta em três níveis - médio, alto e muito alto - que estabelece as restrições a serem aplicadas localmente.

Este mecanismo envolve apenas a Inglaterra, pois as outras nações que integram o Reino Unido - Escócia, Gales e Irlanda do Norte - estabelecem as próprias políticas contra o coronavírus.

A oposição dividida

No momento, na Inglaterra, apenas a cidade de Liverpool e seus arredores, com 600 casos de covid-19 por 100.000 habitantes, está no nível "muito alto", que implica o fechamento de pubs e bares.

Ao contrário do que se esperava, Hancocok não incluiu outras regiões do norte do país, especialmente os arredores de Manchester, onde os contágios também são muito elevados, no nível máximo. Ele citou "discussões" e disse que espera um "avanço rápido".

O prefeito de Manchester, o trabalhista Andy Burnham, se opõe a reforçar as restrições sem uma ajuda financeira maior do governo para salvar os empregos e empresas. Ele ameaçou levar o caso aos tribunais.

O prefeito de Londres, Sadiq Khan, também da oposição trabalhista, respaldou a entrada da capital no nível superior de alerta.

"Em breve vamos alcançar a média de 100 casos para cada 100.000 londrinos, com um número significativo de distritos que já superaram esta barreira", afirmou Sadiq Khan na Assembleia municipal.

Como o líder da oposição trabalhista, Keir Starmer, Khan apoia a ideia de um breve segundo confinamento nacional. Johnson declarou na quarta-feira que a medida seria um "desastre", mas afirmou "não descartar nada, certamente, na luta contra o vírus".