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OMS pede vigilância com pandemia que ganha força no mundo

Rovena Rosa/Agência Brasil
Imagem: Rovena Rosa/Agência Brasil

05/12/2020 08h41

Washington, 5 dez 2020 (AFP) - A OMS lançou um alerta contra a tentação de baixar a guarda diante de uma pandemia de covid-19 que se agrava, principalmente nos Estados Unidos, apesar do otimismo despertado pela chegada das vacinas.

Os Estados Unidos enfrentam um sério agravamento da crise, com 225.000 novos casos e 2.500 mortes registradas em 24 horas na sexta-feira, dias depois que muitos americanos viajaram no final de novembro para o feriado de Ação de Graças.

Por sua vez, o vizinho Canadá ultrapassou na sexta os 400.000 casos, pouco mais de duas semanas depois de atingir 300.000, o que marca uma forte aceleração da pandemia.

Diante do perigo, o presidente eleito Joe Biden espera uma cerimônia de posse em janeiro amplamente online para seguir as "recomendações dos especialistas".

"Portanto, é altamente improvável que tenhamos um milhão de pessoas no Mall", a grande avenida do centro de Washington, advertiu o democrata de 77 anos.

De fato, especialistas da OMS pediram que os países não baixem a guarda diante do otimismo despertado pela chegada prevista das vacinas.

"Vacinas não significam covid zero", destacou Mike Ryan, especialista da Organização Mundial da Saúde (OMS), pedindo "às pessoas que continuem fazendo esforços".

"A imunização será uma ferramenta importante e poderosa no kit de ferramentas que temos. Mas, por si só, não fará o trabalho", alertou.

Aumento de 18% de casos

Com a chegada das vacinas, "começamos a ver o fim da pandemia", estimou na sexta o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, enquanto alertava que o vírus continua a exercer enorme pressão sobre os hospitais.

No Reino Unido, as autoridades sanitárias consideram "provável" uma regressão significativa da pandemia "até a primavera" (boreal) graças à vacinação. Mas se preparam primeiro para um agravamento da situação depois do Natal.

País com mais mortos pela covid na Europa (mais de 60.000), o Reino Unido se tornou esta semana o primeiro país ocidental a autorizar uma vacina contra o novo coronavírus, dando luz verde à da Pfizer/BioNTech. As primeiras doses devem ser injetadas na próxima semana.

Ele foi acompanhado na sexta-feira pelo Bahrein, o segundo país do mundo a conceder essa autorização.

A pandemia de coronavírus infectou mais de 65 milhões de pessoas e matou mais de 1,5 milhão em todo o mundo.

A epidemia avança principalmente na Itália, enquanto a América Latina e o Caribe registraram um aumento de 18% nos casos em uma semana.

Um total de 51 vacinas candidatas estão sendo testadas em humanos, com treze na fase final de testes, de acordo com a OMS.

Bélgica, França e Espanha planejam lançar campanhas de vacinação em janeiro, com foco primeiro nos mais vulneráveis.

Baixas temperaturas

Com a chegada iminente dessas vacinas anti-covid, algumas delas necessitando armazenamento em temperaturas de congelamento, as empresas americanas preparam o terreno: a gigante de logística americana UPS desenvolveu freezers portáteis que permitem que a vacina seja armazenada entre -20 e -80°C.

A montadora Ford encomendou seus próprios freezers para oferecer vacinas aos seus funcionários, enquanto a gigante americana da carne Smithfield está pronta para fornecer as câmaras frigoríficas de seus frigoríficos.

Resta convencer a população num contexto de desconfiança da inoculação de vacinas concebidas em tempo recorde.

Várias personalidades prometeram ser vacinadas em público para dar o exemplo, como Joe Biden e os ex-presidentes dos Estados Unidos Barack Obama, George W. Bush e Bill Clinton.

À espera dessas vacinas, as confraternizações do Natal e do Ano Novo devem acelerar a propagação da epidemia.

No Brasil, os shoppings do Rio de Janeiro foram autorizados a funcionar 24 horas por dia na tentativa de evitar aglomerações nas compras de Natal. O país registrou quase 700 mortes em 24 horas, elevando o número de óbitos para quase 176.000.

Entre o confinamento e o distanciamento social, os comerciantes e donos de restaurantes tiveram que ser criativos para sobreviver.

Katja Hiendlmayer, coproprietária do bar de coquetéis Bürkner Eck em Berlim, faz com que seus bartenders em bicicletas entreguem seus coquetéis recém-engarrafados. "Preferimos trabalhar com poucos rendimentos a não fazer nada", explica Hiendlmayer, que também quer "preservar a atividade dos seus colaboradores".

Nos Estados Unidos, a criação de empregos sofreu um forte resfriamento em novembro, confirmando a desaceleração do crescimento e aumentando a pressão sobre o Congresso para votar um novo plano de apoio.

Enquanto a pandemia de covid pesa sobre o crescimento e os gastos públicos, a Argentina instituiu um imposto sobre as grandes fortunas, que afeta cerca de 12.000 pessoas, para ajudar os pobres e as pequenas empresas.