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Biden promete "desfazer a vergonha" da separação de famílias da era Trump

Biden assinou ordens executivas para abordar as causas fundamentais da migração e da política de asilo, e para agilizar o sistema de imigração legal - Getty Images
Biden assinou ordens executivas para abordar as causas fundamentais da migração e da política de asilo, e para agilizar o sistema de imigração legal Imagem: Getty Images

Em Washington

03/02/2021 06h02

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, prometeu ontem a à noite "desfazer a vergonha" herdada de seu antecessor Donald Trump: a separação de famílias migrantes na fronteira com o México, a grande maioria centro-americanas e pela qual centenas de crianças permanecem afastadas de seus pais.

"A administração anterior literalmente arrancou as crianças dos braços de suas famílias (...) sem nenhum plano em absoluto para reuni-los", afirmou o democrata ao assinar um decreto que cria um grupo de trabalho para localizar estes menores.

Biden também assinou ordens executivas para abordar as causas fundamentais da migração e da política de asilo, e para agilizar o sistema de imigração legal.

As três iniciativas se somam a outras anunciadas em seu primeiro dia no cargo, com as quais pretende reverter o enfoque anti-imigração "Estados Unidos em primeiro lugar" de Trump.

"Não estou fazendo uma nova legislação, estou eliminando as políticas ruins", disse o presidente democrata.

Ao lado de Biden no Salão Oval estava Alejandro Mayorkas, que se tornou o primeiro latino e imigrante a comandar o DHS (Departamento de Segurança Interna), responsável por supervisionar a política migratória e fronteiriça do país.

Mayorkas, nascido em Havana há 61 anos e que chegou muito pequeno aos Estados Unidos ao lado dos pais refugiados, foi confirmado na terça-feira por 56 votos contra 43 no Senado. Ele será responsável por implementar as diretrizes de Biden.

"Espero com ansiedade sua liderança e trabalhar com o Congresso em muitos temas, incluindo o projeto de lei de imigração que, acredito, tem um grande apoio nas duas Câmaras", disse Biden.

Ao assumir a presidência, Biden enviou ao Congresso um projeto de lei para legalizar quase 11 milhões de estrangeiros sem documentos, mais da metade mexicanos e centro-americanos. Esta ambiciosa reforma migratória precisa superar, no entanto, a relutância de muitos republicanos.

Como demonstração dos receios, o senador republicano Lindsey Graham lamentou os esforços de Biden para "suprimir parte dos avanços" de Trump contra a imigração ilegal. Ele afirmou que as medidas do presidente são "receitas para o desastre e criarão um fluxo na fronteira".

Em uma entrevista coletiva, a porta-voz de Biden, Jen Psaki, desestimulou qualquer viagem de migrantes aos Estados Unidos.

"Precisamos de tempo para colocar em prática um processo de imigração para que as pessoas possam ser tratadas com humanidade", disse.

O grupo de trabalho liderado por Mayorkas deverá identificar pais e filhos separados pela política de "tolerância zero" de Trump, instaurada entre 2017 e 2018.

Isto provocou a expulsão dos adultos que entraram de modo ilegal nos Estados Unidos e a permanência dos menores sob custódia federal. Diante da indignação nacional e internacional, Trump desistiu de aplicar a medida. Mas ao menos 1.000 famílias ainda podem estar separadas, segundo a organização de defesa dos direitos civis ACLU.