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Eleições presidenciais no Irã ofuscadas pela questão nuclear

Líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, em Teerã -
Líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, em Teerã

25/02/2021 14h43

Faltando menos de quatro meses para as eleições presidenciais no Irã, quase nenhum candidato se apresentou. As eleições e sua campanha continuam ofuscadas pela questão nuclear, o centro de todas as atenções.

"No momento, o ambiente eleitoral ainda está frio" e quando "as correntes políticas tentam esquentá-lo, as pessoas não prestam atenção", disse à AFP o analista Amir Mohébian.

Depois de uma abstenção recorde (57%) durante as legislaturas de fevereiro de 2020, o guia supremo iraniano Ali Khamenei pediu, em 17 de fevereiro, uma participação "entusiástica e revolucionária" para eleger um presidente "eficaz".

Mesmo que o aiatolá Khamenei, chefe de Estado, continue sendo o chefe do país, as apostas são altas: em 18 de junho, os iranianos elegerão um sucessor do presidente Hassan Rohani, que está proibido pela Constituição de concorrer após dois mandatos consecutivos de 4 anos.

Com um curto período de candidatura que vai de 11 a 15 de maio, até o momento apenas um candidato se declarou: o conservador Hossein Dehqan, ex-ministro da Defesa.

"Um único candidato" conservador?

Em meados de fevereiro, a Sociedade do Clero Combatente, importante formação conservadora, expressou sua intenção de apoiar a candidatura de Ebrahim Raissi, chefe da autoridade judiciária, mesmo que ele ainda não tenha declarado oficialmente sua candidatura.

Raissi foi candidato em 2017 e obteve mais de 38% dos votos.

"O plano dos conservadores é propor um único candidato", disse à AFP Hamidréza Taraqi, diretor do Partido da Coalizão Islâmica, um componente da aliança conservadora no Parlamento.

O diretor editorial do jornal reformista Charq, Mehdi Rahmanian, acredita, no entanto, que os conservadores "certamente não chegarão" a tal acordo.

Isso poderia liberar espaço para um moderado: o ex-presidente do parlamento Ali Larijani, que parece querer concorrer, ou o ministro das Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif, que permanece ambíguo sobre suas intenções.

Sem esperar para gerar consenso, o ex-parlamentar reformista Ali Motahari anunciou na quinta-feira que se apresentará como candidato, segundo a agência de notícias Isna.

Enquanto esperam o início da campanha, e após sua ampla vitória legislativa contra a aliança de Rohani e os reformadores, os conservadores sonham em repetir o resultado.

Mas evitam dizer isso em voz alta e, na ausência de candidatos declarados, a cena política se reduz a constantes ataques entre o Parlamento e o governo relacionados ao acordo nuclear internacional iraniano concluído em 2015 em Viena.

O principal desafio agora é o levantamento das sanções americanas impstas por Donald Trump, e é nisso que Rohani aposta para conseguir uma vitória diplomática que marque o fim de seu mandato.