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Bolsonaro promete aos Yanomami que 'não terá mineração' em suas terras

Presidente ouve o hino nacional ao lado de um indígena na Terra Indígena Yanomami, na fronteira com a Venezuela, em São Gabriel da Cachoeira (AM) - Reuters/Marcos Correa/Apostila
Presidente ouve o hino nacional ao lado de um indígena na Terra Indígena Yanomami, na fronteira com a Venezuela, em São Gabriel da Cachoeira (AM) Imagem: Reuters/Marcos Correa/Apostila

De Brasília

30/05/2021 22h29

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) publicou um vídeo hoje no qual promete a líderes indígenas Yanomami que "não terá mineração" em suas terras, caso eles não queiram, em meio a denúncias de invasões e ataques de garimpeiros ilegais.

"Vocês não querem mineração? Não terá mineração. Tem outros irmãos índios em outros locais, dentro e fora da Amazônia, que desejam minerar terra, desejam cultivar a terra e nós vamos respeitar esses direitos deles", diz Bolsonaro no vídeo.

A gravação foi feita na última quinta-feira (28), durante uma reunião que manteve com lideranças Yoanomami, a primeira como chefe de Estado em uma reserva indígena, no âmbito da inauguração de uma ponte em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas.

"Jamais aprovaríamos uma lei em que seria obrigado que a terra fosse explorada com quem quer que seja. Isso jamais acontecerá. Quem quiser explorar explora, quem não deseja não vai explorar. Vocês serão respeitados", disse, em alusão ao PL 191/2020, preparado pelo governo para regulamentar a mineração em terras indígenas.

Desde 2020, indígenas Yanomami alertam para a situação de extrema tensão em sua reserva, a maior do Brasil, com 96.000 km² (divididos entre os estados de Roraima e Amazonas) e com 27.000 habitantes indígenas.

Organizações indigenistas e ambientalistas denunciam que as invasões de terras são em parte incentivadas pelo discurso de Bolsonaro, a favor da exploração de suas áreas.

Durante a reunião, Bolsonaro prometeu aos Yanomami que o Exército brasileiro fará respeitar seus direitos, embora não tenha se referido em nenhum momento aos ataques dos garimpeiros ilegais.

O garimpo ilegal, uma das principais causas da destruição ambiental na Floresta Amazônica, aumentou 30% em 2020 nas terras Yanomami, devastando o equivalente a 500 campos de futebol, segundo um relatório publicado no fim de março pela Associação Hutukara Yanomami (HAY).

Há várias semanas, indígenas dos territórios Yanomami e Munduruku (Pará) denunciam ataques violentos de garimpeiros ilegais, o que motivou na semana passada o ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), a ordenar que o governo tome "todas as medidas necessárias" para protegê-los.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.