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Após mais de 60 mortos em protestos, Colômbia diz que vai 'modernizar' polícia

5.mai.2021 - Manifestante segura placa com os dizeres "eles estão nos matando" durante um protesto contra a pobreza e a violência policial, em Bogotá, na Colômbia - Nathalia Angarita/Reuters
5.mai.2021 - Manifestante segura placa com os dizeres 'eles estão nos matando' durante um protesto contra a pobreza e a violência policial, em Bogotá, na Colômbia Imagem: Nathalia Angarita/Reuters

07/06/2021 05h58Atualizada em 07/06/2021 07h36

Bogotá, 7 Jun 2021 (AFP) - O presidente da Colômbia, Iván Duque, anunciou ontem que vai "modernizar" a polícia, criticada pela repressão aos protestos sociais desencadeados há um mês e que deixaram mais de 60 mortes.

O presidente ordenou "um decreto que modernizará a estrutura orgânica da Polícia Nacional, especialmente para fortalecer a política (...) de direitos humanos", durante uma cerimônia de promoção da instituição em Bogotá.

Sem ceder às pressões dos manifestantes que exigem uma "reforma" da polícia, o presidente antecipou uma "transformação" do órgão vinculado ao Ministério da Defesa, acrescentando que vai criar uma "diretoria de direitos humanos" chefiada por um especialista do fora da instituição.

O anúncio chega no mesmo dia em que a CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos) chega ao país para avaliar a situação em meio ao tumulto social.

O que começou no dia 28 de abril com uma manifestação contra um projeto de aumento de impostos que foi posteriormente retirado, terminou em um movimento de protesto antigovernamental agravado pela repressão policial.

Pelo menos 61 pessoas morreram desde o início dos protestos, segundo autoridades. Duas vítimas eram policiais.

Por sua vez, a ONG Human Rights Watch afirma ter "reclamações credíveis" sobre 67 mortes ocorridas desde o início dos protestos. A organização confirmou que 32 delas "estão relacionadas com as manifestações".

Integrantes do governo e o setor mais visível do protesto dialogam há semanas sem chegar a acordos e divididos pelas ações da força pública.

O Comitê Nacional de Paralisação, setor mais visível dos protestos, suspendeu no domingo as conversações que mantinha com o governo desde o início de maio.

O comitê, que não representa todos os setores que protestam, acusou o governo de "atrasar de propósito a negociação" e convocou novos protestos para quarta-feira (9).

O governo exige que o comitê condene as dezenas de bloqueios de estradas, aos quais atribui a morte de dois bebês presos em ambulâncias e milhões em perdas.