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Líderes da UE alertam Hungria por legislação que afeta LGBT

Lei húngara veta as referências à comunidade LGBT - iStock
Lei húngara veta as referências à comunidade LGBT Imagem: iStock

24/06/2021 21h01

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, se viu no centro de uma tempestade de críticas em uma cúpula da União Europeia nesta quinta-feira (24), após a polêmica sobre uma nova lei considerada homofóbica.

Os líderes da União Europeia iniciaram nesta quinta uma reunião de cúpula de dois dias em Bruxelas com uma agenda concentrada na política externa, mas que ficou ofuscada pela controvérsia com a nova lei húngara que veta as referências à comunidade LGBT.

Há várias semanas os diplomatas europeus preparam uma agenda complexa, que inclui um debate sobre as difíceis relações com Rússia e Turquia, entre outros temas recorrentes, como as variantes do coronavírus.

A importância global da agenda foi demonstrada com a confirmação da presença de Antonio Guterres, secretário-geral da ONU, que participou de um almoço de trabalho com os líderes europeus.

No entanto, fontes diplomáticas relataram que os líderes da UE criticaram frontalmente Orban.

De acordo com essas fontes, o primeiro-ministro de Luxemburgo, Xavier Bettel, disse a Orbam que seu governo cruzou "uma linha vermelha" com a nova legislação, enquanto o sueco Stefan Lofven disse ao mandatário húngaro que o povo sueco não quer "enviar dinheiro a um país que faz isso".

Ao chegar em Bruxelas, Orban garantiu que é um defensor dos homossexuais e afirmou que a nova legislação não tem relação com a comunidade LGBT, e sim com a educação sexual de menores de idade.

"Eu defendo os direitos dos homossexuais. Mas esta lei não é sobre isto. É sobre o direito dos menores de idade e dos pais. Não é sobre a homossexualidade nem qualquer interferência sexual. Não é sobre homossexuais", declarou.

Rússia e Turquia

Além da controvérsia com a Hungria, os líderes europeus debateram uma agenda delicada.

Entre os temas mais importantes está o debate sobre uma definição das futuras relações com a Rússia, um vizinho com o qual a UE tem muitos problemas.

A chefe de Governo da Alemanha, Angela Merkel, afirmou nesta quinta-feira no Parlamento de seu país que a UE deveria ter um "contato direto" com a Rússia.

Pouco depois, uma fonte do governo russo afirmou que o presidente Vladimir Putin é "partidário" de um reforço do diálogo com a UE. Putin se encontrou na semana passada com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que é necessário um "diálogo exigente e ambicioso" com a Rússia para preservar a estabilidade da Europa.

A Turquia também é um tema importante na agenda. A UE examina um plano para oferecer 3,5 bilhões de euros (4,2 bilhões de dólares) ao país durante os próximos três anos como parte de um pacote de apoio maior, de EUR 5,7 bilhões, a países que recebem refugiados da Síria.

Os líderes europeus instaram o governo turco a manter a atual tendência de redução das tensões com o bloco, a fim de avançar no aprimoramento das difíceis relações.

Com relação à questão migratória, os líderes europeus expressaram sua "rejeição a qualquer tentativa de terceiros países de explorar os migrantes por razões políticas", frase que será incorporada à declaração final da cúpula.

É uma referência velada ao Marrocos, que em maio suspendeu temporariamente os controles fronteiriços com o enclave espanhol de Ceuta, provocando a chegada repentina de cerca de 10.000 migrantes.

A frase também representa um alerta para a Turquia - com quem a UE tem acordos de migração importantes - e para a Belarus.