Topo

Esse conteúdo é antigo

Biden envia número dois de sua diplomacia à China para diálogo tenso

Biden diz que o enfrentamento com a China é uma competição global entre autocracias e democracias - ALY SONG
Biden diz que o enfrentamento com a China é uma competição global entre autocracias e democracias Imagem: ALY SONG

21/07/2021 19h37

A número dois da diplomacia americana, Wendy Sherman, viaja para a China no próximo domingo, tornando-se a representante de mais alto escalão do Departamento de Estado do governo Joe Biden a visitar o gigante asiático em um momento de enfrentamento total entre os dois países.

Sherman, vice-secretária de Estado, fará uma visita à Ásia na qual tem previsto visitar no domingo e na segunda a cidade de Tianjin (norte), onde se reunirá com o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, anunciou nesta quarta-feira (21) o Departamento de Estado em um comunicado.

Esta visita faz parte "de um esforço contínuo dos Estados Unidos para participar de intercâmbios francos" para "promover os interesses e os valores americanos e gerenciar de forma responsável as relações" com a potência rival, acrescentou.

Um porta-voz da diplomacia chinesa disse que Pequim "pedirá à parte americana para deixar de se intrometer nos assuntos internos da China e prejudicar os interesses chineses", acrescentou.

Desde que Biden assumiu a Presidência em janeiro deste ano, o enviado especial para o Clima John Kerry foi o único membro do atual governo a visitar a China, mas apenas para tratar do aquecimento global - uma das poucas questões em que as duas potências tentam buscar pontos de convergência.

Kerry, que visitou Xangai em abril, pediu a Pequim na terça-feira que mostre "liderança" em face da crise climática e reduza rapidamente as emissões de gases de efeito estufa.

A resposta não tardou: "A cooperação entre a China e os Estados Unidos em áreas específicas está intimamente ligada à boa saúde global das relações sino-americanas", disse o porta-voz do ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian.

Biden garante que o enfrentamento com a China, que se tornou o eixo central de sua política externa, assim como catalisador de suas reformas econômicas, é uma competição global entre autocracias e democracias.

"Sérias preocupações"

Em março passado, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, reuniu-se com seus homólogos chineses no Alasca, um encontro que tensionou ainda mais as relações entre Washington e Pequim - sobretudo, em temas como o respeito dos direitos humanos, o tratamento dos muçulmanos uigures na China e a situação de Hong Kong.

Desde então, o governo Biden aumentou a pressão sobre Pequim, com sanções ou advertências sobre a repressão aos muçulmanos uigures, à qual se referiu como "genocídio", e sobre as liberdades em Hong Kong. Também acusou a China de envolvimento em ciberataques contra os os Estados Unidos.

Neste embate, Washington tenta recrutar seus aliados europeus e asiáticos para consolidarem uma frente comum de democracias.

A China, por sua vez, considera essas medidas como uma "interferência", uma "mentalidade de Guerra Fria" e, acima de tudo, de arrogância de Washington em querer "impor sua própria democracia ao restante do mundo".

Sherman chegará a Taijin após passar pelo Japão e pela Coreia do Sul, ambos aliados dos Estados Unidos, e também pela Mongólia, um país que recentemente melhorou suas relações com Washington.

A representante americana "discutirá os temas em relação aos quais temos sérias preocupações quanto ao comportamento da China, mas também os temas, nos quais nossos interesses convergem", declarou o Departamento de Estado.

Além do clima, os Estados Unidos dizem querer continuar cooperando com Pequim sobre desafios como a crise sanitária mundial, o desarmamento e a luta contra a proliferação nuclear.

Sherman quer mostrar à China "que pode haver uma concorrência responsável e sadia", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price.

"Somos partidários de uma concorrência feroz, mas queremos que seja equitativa e, especialmente, que não se torne um conflito", acrescentou.

Depois da China, Sherman viajará para Omã no dia 27.