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Militares avançam com veículo contra manifestantes em Mianmar

Militares do Exército avançaram hoje com um veículo contra manifestantes pró-democracia reunidos em Yangon, em Mianmar - AFP
Militares do Exército avançaram hoje com um veículo contra manifestantes pró-democracia reunidos em Yangon, em Mianmar Imagem: AFP

05/12/2021 09h05Atualizada em 05/12/2021 10h07

Militares do Exército avançaram hoje com um veículo contra manifestantes pró-democracia reunidos em Yangon, ferindo pelo menos três, segundo testemunhas presentes no local.

Apesar da repressão contra os opositores da junta militar que tomou o poder em fevereiro, pequenas manifestações pró-democracia continuam a ocorrer regularmente no país.

Na manhã deste domingo, um grupo se reuniu pacificamente em uma rua comercial de Yangon exibindo uma faixa com o agora famoso slogan "Liberte-se do medo" da líder civil deposta Aung San Suu Kyi, enquanto gritavam: "Devolvam o poder ao povo!"

Pouco tempo depois, um veículo de porte grande avançou contra a mobilização, atropelando algumas pessoas e dispersando as demais, segundo um jornalista presente no local do incidente.

"Eles aceleraram quando estavam de frente para os manifestantes, eles aceleraram para cima das pessoas", contou o jornalista, que pediu anonimato. "E então os soldados saíram do veículo e começaram a atirar", acrescentou.

Uma outra testemunha disse que viu um homem coberto de sangue, aparentemente em estado grave. Ele e outros dois feridos, incluindo um jornalista birmanês que cobria a manifestação, foram levados de ambulância.

De acordo com esta testemunha, os militares também espancaram três pessoas que estavam caídas no chão depois de terem sido atropeladas pelo veículo.

"E então os soldados apontaram suas armas para nós e ordenaram que partíssemos", disse ele.

Mianmar mergulhou numa profunda crise após o golpe de 1º de fevereiro que encerrou uma transição democrática de uma década.

Em dez meses, mais de 1.300 civis foram mortos, segundo uma ONG local, a Associação de Assistência a Presos Políticos (AAPP), que documenta inúmeros casos de tortura e execuções extrajudiciais.

Os generais justificaram o golpe militar garantindo que constataram irregularidades durante as eleições de novembro de 2020, vencidas de forma esmagadora pela Liga Nacional para a Democracia (LND), o partido de Aung San Suu Kyi.

Os observadores internacionais, por sua vez, consideraram a eleição como "livre e justa".

O líder da Junta, Min Aung Hlaing, ameaçou dissolver a LND e garantiu que novas eleições serão realizadas em agosto de 2023.

Suu Kyi, de 76 anos, está detida desde o golpe e enfrenta uma série de acusações que podem provocar sentenças de décadas de prisão.

Nas últimas semanas, os julgamentos contra outros integrantes da LND foram concluídos com longas sentenças condenatórias.

Um ex-ministro foi sentenciado a 75 anos de prisão, enquanto uma pessoa próxima a Suu Kyi foi condenada a 20 anos.

A pressão internacional sobre a junta militar para uma restauração rápida da democracia não provocou mudanças dos militares.