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Ucrânia diz ter 'provas' do envolvimento da Rússia em ciberataque

Tanque russo durante exercício militar na região de Rostov, na fronteira com a Ucrânia - Sergey Pivovarov/Reuters
Tanque russo durante exercício militar na região de Rostov, na fronteira com a Ucrânia Imagem: Sergey Pivovarov/Reuters

16/01/2022 15h43

A Ucrânia disse, neste domingo (16), ter "provas" do envolvimento da Rússia em um grande ataque cibernético contra vários sites do governo nesta semana, em um cenário de escalada de tensão entre Kiev e Moscou.

"Até o dia de hoje, todas as provas indicam que a Rússia está por trás do ciberataque", afirmou o Departamento ucraniano de Transformação Digital em um comunicado.

Essa sabotagem "é a manifestação da guerra híbrida que a Rússia mantém na Ucrânia desde 2014", afirmou o órgão oficial, referindo-se ao ano da anexação, por parte do Kremlin, da península da Crimeia, e que provocou o conflito na região leste entre as forças de Kiev e os separatistas pró-russos, apoiados por Moscou.

Seu objetivo "não é apenas intimidar a sociedade", mas também "desestabilizar a situação na Ucrânia (...) minando a confiança dos ucranianos quanto a seu poder", com "falsas informações sobre a vulnerabilidade das infraestruturas informáticas do Estado" e a respeito "da (possível) fuga de dados pessoais dos ucranianos", acrescentou a mesma fonte.

Este ciberataque aconteceu na madrugada de sexta-feira e teve como alvo sites de vários ministérios ucranianos, que ficaram inacessíveis por várias horas.

O episódio ocorreu em meio a crescentes tensões entre a Rússia e a Ucrânia, com Kiev e seus aliados ocidentais acusando Moscou de enviar tropas para sua fronteira para uma eventual invasão.

"Caminhos totalmente diferentes"

Nesse contexto instável, o retorno previsto para esta segunda-feira (17) do ex-presidente ucraniano Petro Poroshenko (2014-2019), após um mês de ausência, corre o risco de provocar uma crise política.

Principal rival do atual presidente, Volodymyr Zelensky, Poroshenko é acusado de "alta traição" por Kiev, por ter negociado com os separatistas pró-Rússia no leste.

Além disso, várias conversas realizadas esta semana entre a Rússia e o Ocidente não conseguiram acalmar as tensões.

"Há alguns entendimentos entre nós. Mas, em geral, em questão de princípio, agora podemos dizer que nos mantemos em caminhos diferentes, em caminhos totalmente diferentes. E isso não é bom. É perturbador", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em entrevista transmitida pela rede americana CNN neste domingo.

O governo americano dará uma declaração no início da semana sobre o futuro das negociações.

"Se a Rússia quiser seguir pela via diplomática, estamos totalmente preparados (...) Se a Rússia escolher o caminho da invasão e a escalada, também estamos preparados e responderemos de maneira firme", advertiu o conselheiro americano de Segurança Nacional, Jake Sullivan, em entrevista à rede CBS.

"Estamos preparados para todos os cenários", frisou.

"É importante entender que o agressor é a Rússia", disse o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, à emissora pública canadense, CBC, também neste domingo.

"A Rússia deve iniciar uma desescalada", mas também devemos "enviar uma mensagem à Rússia de que estamos dispostos a discutir e a ouvir suas preocupações", completou.

Na sexta-feira, os Estados Unidos acusaram a Rússia de ter introduzir agentes na Ucrânia para realizar operações de "sabotagem" e, com isso, inventar um "pretexto" para invadi-la.

Moscou negou qualquer envolvimento.

"Não temos nada a ver com isso", disse Peskov diante das câmeras, em um breve trecho de sua entrevista à CNN.

"Os ucranianos culpam a Rússia por tudo que acontece com eles, incluindo o mau tempo no país", ironizou.

A Rússia nega qualquer plano de agressão contra a Ucrânia, mas exige "garantias" para sua segurança, a começar pelo compromisso da Otan de não aceitar Kiev como membro.