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Talibãs pedem a países muçulmanos reconhecimento do governo afegão

O ministro das Relações Exteriores do governo talibã, Amir Khan Muttaqi - Hoshang Hashimi/AFP
O ministro das Relações Exteriores do governo talibã, Amir Khan Muttaqi Imagem: Hoshang Hashimi/AFP

19/01/2022 09h23Atualizada em 19/01/2022 09h47

Cabul, 19 Jan 2022 (AFP) - O primeiro-ministro talibã, Mohammad Hasan Akhund, pediu nesta quarta-feira (19) aos países muçulmanos que sejam os primeiros a reconhecer oficialmente seu governo no Afeganistão, que precisa urgentemente de ajuda internacional para evitar o colapso econômico.

Até agora nenhum país reconheceu o governo talibã, que voltou ao poder em agosto passado.

As nações ocidentais ainda esperando para ver como os radicais islâmicos vão se comportar, depois dos abusos dos direitos humanos cometidos durante sua primeira passagem pelo Afeganistão de 1996 a 2001.

"Peço aos países muçulmanos que tomem a dianteira e nos reconheçam oficialmente. Depois, espero que possamos nos desenvolver rapidamente", declarou Mohammad Hasan Akhund, em uma conferência em Cabul para discutir a grave crise econômica no país.

"Não queremos (a ajuda) para as autoridades. Queremos para o nosso povo", garantiu, acrescentando que os talibãs reuniram as condições necessárias para restaurar a paz e a segurança no território.

País dependente da ajuda internacional, o Afeganistão está à beira de um desastre humanitário, agravado pelo retorno dos talibãs ao poder. Depois disso, os países ocidentais congelaram a ajuda internacional e o acesso a seus recursos no exterior.

Agora, a comunidade internacional busca maneiras de enviar ajuda para o país, de modo a evitar uma crise humanitária sem apoiar o regime talibã.

- Peso das sanções -No Afeganistão não há empregos disponíveis, e muitos funcionários públicos estão há meses sem receber salário.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) revelou que meio milhão de afegãos perderam o emprego no terceiro trimestre de 2021, um número que pode subir para 900 mil até meados deste ano.

Em dezembro passado, o Conselho de Segurança da ONU adotou uma resolução dos Estados Unidos para permitir que alguma ajuda chegue aos afegãos necessitados, sem violar as sanções internacionais. Há cada vez mais pedidos de grupos de defesa dos direitos humanos e civis para que os países ocidentais liberem mais recursos, especialmente no inverno.

"Nossa situação ainda depende dos americanos. Vai melhorar apenas se eles decidirem suspender as sanções", disse Mohamad Moktar Naseri, um ex-policial que agora vende vegetais em um mercado de Cabul.

A proteção dos direitos das mulheres e a formação de um governo inclusivo que reflita a diversidade étnica do Afeganistão são algumas das principais demandas da comunidade internacional.

Nesta quarta, porém, o vice-primeiro-ministro talibã, Abdul Salam Hanafi, disse que o governo "não sacrificará a independência da economia do país, curvando-se às condições dos doadores".

Em uma reunião em dezembro, a Organização de Cooperação Islâmica (OIC) se recusou a reconhecer formalmente o governo afegão, e o ministro talibã das Relações Exteriores foi excluído da foto oficial durante o evento.