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Sob críticas de Zelensky, UE fala em aplicar sanções contra petróleo russo

Antes, Conselho Europeu já tinha falado em medidas contra a indústria de carvão da Rússia - Alexey Malgavko/Reuters
Antes, Conselho Europeu já tinha falado em medidas contra a indústria de carvão da Rússia Imagem: Alexey Malgavko/Reuters

Em Estrasburgo (França) e em Dublin (Irlanda)

06/04/2022 07h37Atualizada em 06/04/2022 07h48

A UE (União Europeia) terá que adotar, "cedo ou tarde", sanções contra a indústria de petróleo e gás da Rússia, afirmou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que denunciou os "crimes contra a humanidade" cometidos em Bucha e outras cidades da Ucrânia.

"Penso que, mais cedo ou mais tarde, serão necessárias medidas sobre o petróleo e, inclusive, sobre o gás", declarou o belga aos eurodeputados reunidos em sessão plenária em Estrasburgo, cidade localizada na França.

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

"Hoje, expressamos nossa indignação pelos crimes contra a humanidade, contra civis inocentes em Bucha e em muitas outras cidades. Mais uma prova de que a brutalidade russa contra o povo ucraniano não tem limites", completou.

"Isto não é uma operação especial. Tratam-se de crimes de guerra", afirmou Michel, antes de recordar que a União Europeia está ajudando a reunir provas para "levar os responsáveis à justiça".

A Comissão Europeia propôs ontem aos 27 estados-membros da UE a adoção de sanções mais severas contra a Rússia, interrompendo compras de carvão russo, que representa 45% das importações do bloco, e fechando os portos europeus aos navios russos.

Mas um possível embargo do petróleo (25% das compras europeias) e gás (45% das importações da UE) é objeto de duras discussões entre os estados-membros, e a Alemanha expressou publicamente relutância com a medida.

Berlim não pode abrir mão do gás russo a curto prazo, e as sanções contra Moscou provocariam mais dano à UE que à Rússia, afirmou o ministro alemão das Finanças, Christian Lindner. Os estados bálticos interromperam a importação de gás russo no início de abril.

'Indecisão' europeia

Também hoje, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, criticou a indecisão da UE no momento de impor sanções contra as importações de energia da Rússia, afirmando que alguns líderes estão mais preocupados com as perdas empresariais que com os crimes de guerra.

"Não posso tolerar nenhuma indecisão depois de tudo que vivemos na Ucrânia e tudo que as tropas russas fizeram", afirmou Zelensky em um discurso por videoconferência no Parlamento da Irlanda.

Enquanto o mundo inteiro está ciente dos crimes cometidos contra nosso povo, nós ainda temos que convencer as empresas europeias a deixar o mercado russo, temos que convencer os políticos estrangeiros a cortar os vínculos dos bancos russos com o sistema financeiro internacional, temos convencer a Europa de que o petróleo russo não pode financiar a máquina de guerra russa. Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia

"A única coisa que falta é uma mudança de ponto de vista de alguns líderes - políticos ou empresariais - que ainda pensam que a guerra e os crimes de guerra não são tão horríveis quanto as perdas financeiras", acrescentou.