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Legisladores democratas pedem a Biden suspensão de sanções contra Venezuela

Joe Biden, presidente dos EUA - REUTERS/Leah Millis
Joe Biden, presidente dos EUA Imagem: REUTERS/Leah Millis

13/05/2022 21h44Atualizada em 13/05/2022 22h01

Washington, 14 Maio 2022 (AFP) - Um grupo de congressistas americanos formado por 18 democratas da ala mais progressista do partido enviou uma carta para o presidente Joe Biden, pedindo-lhe que suspenda as sanções contra a Venezuela e continue o diálogo com o governo de Nicolás Maduro.

Datada de 10 de maio e promovida pelos membros da Câmara de Representantes (deputados) Raúl Grijalva e Jesús "Chuy" García, a missiva afirma que as medidas punitivas contra a Venezuela, aplicadas pela gestão do republicano Donald Trump, serviram apenas para "exacerbar" a crise humanitária nesta outrora potência petrolífera.

O texto também pede a Biden que continue o "compromisso construtivo" da Casa Branca com a Venezuela, depois que uma viagem de autoridades de alto escalão de Washington a Caracas, em março, permitiu a libertação de dois americanos detidos há anos no país sul-americano, assim como pela aparente disposição de Maduro para reiniciar o diálogo com a oposição. Estas conversas estão suspensas desde outubro de 2021.

"Está claro que as sanções amplas não atingiram seus objetivos", constataram os congressistas.

"À luz disso, e dos terríveis custos humanos incorridos, pedimos que você suspenda todas as sanções financeiras e setoriais dos Estados Unidos que exacerbam a situação humanitária, embora sem obstaculizar, nem atrasar, a ação urgente necessária para que economia americana abandone os combustíveis fósseis", acrescentaram.

Alexandria Ocasio-Cortez, Ilhan Omar, Pramila Jayapal e Rashida Tlaib, conhecidas por suas posições de esquerda, estão entre os signatários da carta.

Rubio insta Biden a "se comprometer a que não haverá mudanças na política dos Estados Unidos enquanto Maduro continuar bloqueando eleições livres e justas", segundo carta de 12 de maio divulgada nesta sexta.

Estados Unidos e Venezuela romperam relações diplomáticas no começo de 2019, após a reeleição de Maduro em eleições contestadas.

Washington reconheceu, então, como presidente interino o chefe do Legislativo, o opositor Juan Guaidó, e impôs uma bateria de sanções para forçar a saída de Maduro, incluindo um embargo de facto ao petróleo venezuelano vigente desde abril de 2019.

Rubio, um dos arquitetos da política de pressão máxima de Trump contra Maduro, também pede a Biden para "reafirmar publicamente" o reconhecimento a Guaidó. E condena por considerar "bobas" os diálogos da delegação americana em Caracas, liderada pelo assessor para as Américas no Conselho de Segurança Nacional de Biden, Juan González.

A viagem da delegação americana à Venezuela aconteceu depois de Biden ter proibido as importações de petróleo russo pela invasão da Ucrânia. Nesse contexto, a Casa Branca disse que "segurança energética" faz parte das discussões em Caracas.

Isso alimentou especulações de que os Estados Unidos poderiam retomar a compra de petróleo bruto venezuelano, algo depois descartado pela Casa Branca.

Estados Unidos e Venezuela romperam relações diplomáticas no início de 2019, depois que Maduro, no poder desde 2013, assumiu um segundo mandato após eleições consideradas fraudulentas pela oposição e por cerca de 50 países.

Washington então impôs uma bateria de sanções para forçar a saída de Maduro, incluindo um embargo "de facto" ao petróleo venezuelano, em vigor desde abril de 2019.

Em março deste ano, senadores influentes, como o democrata Bob Menendez e o republicano Marco Rubio, criticaram a aproximação de Biden com Caracas e se opuseram, firmemente, a recorrer ao "ditador" Maduro por petróleo.

Além de ser investigado por crimes de lesa-humanidade, Maduro foi acusado de "narcoterrorismo" pela Justiça nos EUA, em março de 2020. As autoridades americanas oferecem uma recompensa de US$ 15 milhões por ele.

Em agosto de 2021, Grijalva, García e 17 outros correligionários da Câmara de Representantes já haviam escrito uma carta para o secretário de Estado, Antony Blinken, defendendo um diálogo com o governo de Maduro e o alívio de sanções "contraproducentes e prejudiciais".